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Enviada em: 09/05/2019

“Take Your Pills” (tome suas pílulas) é um documentário norte-americano de 2018 que explicita o grande público consumidor de fármacos sem receituário médico. Fica evidente na obra, a automedicação enquanto produto de um estilo de vida dinâmico e multitarefas, no qual a própria saúde é deixada em segundo plano frente aos infinitos afazeres cotidianos, afinal, é muito mais cômodo e instantâneo auto receitar-se ao invés de seguir o protocolo médico. Contudo, cabe a reflexão dos impactos que essa prática gera para os brasileiros, levando em consideração que todo medicamento mal administrado oferece riscos, seja o de adicção, seja de seleção de bactérias super-resistentes.        De início, cabe salientar que, sem acompanhamento profissional, muitas drogas farmacológicas podem gerar dependência química. A título de exemplo, o longa metragem supracitado trata do uso do Adderall - anfetamina comumente empregado no tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - por indivíduos sem diagnóstico ou instrução médica. Ocorre que, tal atitude imperita, a longo prazo, gera no usuário a necessidade fisiológica de intensificação do consumo, situação que foge do seu controle e pode levá-lo à overdose. Assim, é latente a erradicação dessa mazela para a prevenção de perdas de vidas brasileiras como foi o caso de Chorão e Elis Regina.        Sob outra ótica, tem-se que o uso indiscriminado de antibióticos favorece o aumento da resistência de bactérias e consequente piora do quadro clínico. Nesse âmbito, após os anos 20, quando foi descoberta a Penicilina, esta foi empregada em larga escala no tratamento de bacterioses. Entretanto, apesar do êxito inicial, o uso indiscriminado do antibiótico e seu abandono após os primeiros sinais de melhora, muito frequentes na automedicação, são responsáveis pelas superbactérias. Prova disso é que em 2017 a Organização Mundial da Saúde elencou doze patógenos resistentes à Penicilina, de modo a demonstrar a necessidade do controle do uso deste medicamento.        Assim, urge que o Estado tome providências para mitigar o impasse vigente. Para que a população crie o hábito de buscar a opinião médica antes da ingestão de fármacos, cabe ao Ministério da Saúde, em parceria com a mídia, esclarecer os riscos e prejuízos que a prática da automedicação proporcionam por meio da veiculação de propagandas impactantes, que levem os interlocutores à reflexão de que a sua saúde e bem estar devem ser prioridade apesar da vida corrida do século XXI. Apenas assim, com a compreensão popular da gravidade de seus atos, a questão será superada.