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Enviada em: 28/05/2019

A partir da Segunda Guerra Mundial – conflito militar que atingiu diversas nações durante o século XX – foi possível observar inúmeros avanços na ciência e transformações na sociedade, entre as quais incluiu-se a descoberta dos medicamentos. Entretanto, o uso de fármacos sem a devida orientação médica mostra-se uma prática comum no Brasil, sendo, inclusive, apontado como o país recordista nesse quesito. Nesse contexto, pode-se destacar as falhas na saúde pública e o uso da internet para fins de consulta como os maiores indícios da problemática.          Em primeiro plano, é notório que o descaso do Poder Público na gestão de saúde está diretamente relacionado à cultura da automedicação no país. Em “Modernidade Líquida”, o sociólogo Zygmunt Bauman afirma que os serviços públicos tem perdido a sua representatividade, o que leva muitas funções do Estado a tornarem-se responsabilidade dos indivíduos. Nesse sentido, observa-se que o SUS (Sistema Único de Saúde) tem encontrado dificuldades para exercer a sua função social no Brasil, uma vez que a superlotação em hospitais, a dificuldade de ter acesso a uma consulta médica e a distribuição de remédios de maneira ilegal são fatores que contribuem para o uso de medicamentos por conta própria. Sendo assim, é preciso expandir os investimentos governamentais em saúde pública.             Ademais, outro ponto de relevância diz respeito à consulta de sintomas e à busca de tratamentos no ambiente virtual. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), o Brasil ocupa as primeiras colocações no ranking de países em que automedicação é frequente. Além disso, os dados apontaram que 40% dos brasileiros fazem o autodiagnóstico por meio da internet. Por sua vez, um hábito aparentemente inofensivo representa grandes riscos à saúde dos indivíduos, visto que a falta de conhecimento acerca dos remédios pode resultar em uso incorreto, efeitos colaterais, intoxicação e dependência. Logo, é necessário que a população seja instruída quanto à importância de sempre buscar profissionais da saúde.               Diante dos fatos mencionados, torna-se evidente a necessidade de propor medidas capazes de combater a automedicação no Brasil. Para isso, o Ministério da Saúde deverá investir em propagandas informativas, nas quais, com a participação de médicos, biomédicos e farmacêuticos, seja feito o alerta a respeito dos malefícios do autodiagnóstico e da manipulação de remédios sem receita médica. Outrossim, deverá investir em melhorias nesse setor, por meio da criação de unidades básicas de saúde e de maiores ações de vigilância, a fim de que, em conjunto, essas medidas ampliem os recursos da saúde e melhorem a fiscalização de medicamentos no país. Dessa forma, a automedicação será evitada e o Estado cumprirá a sua função social, consoante ao pensamento de Bauman.