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Enviada em: 16/08/2019

Thomas Morus, filósofo inglês, idealizou a Ilha de Utopia - na qual há uma sociedade extremamente consciente e cautelosa no tocante à saúde. Entretanto, o contexto referido não é solidificado no atual cenário global, sobretudo no brasil: a prática da automedicação é evidente, por parte do corpo social, ora pela ausência de conhecimento acerca dos riscos causados por essa atividade, ora pelo marketing farmacêutico existente. Desse modo, a fim de liquidar, definitivamente, tal mazela, faz-se mister a discussão desses fatores.       De início, é fulcral trazer à tona a visão que o escritor e educador argentino Carlos Pecotche tinha acerca da letargia social, por destacar a inércia como um dos inimigos mortais da vida humana. Nessa lógica, é possível observar a paridade entre a referência mencionada e a conjuntura hodierna, visto que é nítido que a população, em virtude da carência de instrução em relação aos efeitos que a automedicação pode trazer, pratica, cada vez mais, esse ato constantemente - postura que rompe com a plena concretização de uma sociedade prudente e perspicaz; semelhante vista na Ilha supracitada. Dessa forma, torna-se gradativo o combate eficaz da cultura da indevida medicação.      Além disso, o número elevado de farmácias e drogarias impulsiona a perpetuação desse dilema, haja vista que é incontestável a facilidade da obtenção dos fármacos, sem a presença da prescrição médica, por parte dos brasileiros, proveniente das farmácias, de modo a intensificar o crescente mau uso dessas drogas. Isso se torna mais claro, por exemplo, ao analisar que, segundo levantamento realizado pelo IQVA, o mercado farmacêutico aumentou 11,76% em 2018 e atinge cento e vinte bilhões de faturamento. Urge, portanto, a indispensabilidade de atenuar tal quadro ignóbil.       Logo, é vital a obrigação de mudar esse panorama. Para tanto, o Ministério da Saúde, aliado às instituições de ensino - públicas e privadas-, deve difundir, por meio de atividades escolares e de debates sociais, direcionados a todas as faixas etárias, a importância do combate à automedicação, além de advertir o comércio de remédio sem orientação médica, com o fito de garantir a total segurança aos que cometem esse ato, de maneira a alertá-los sobre a vigilância com a vida. Feito isso, será possível que a materialização de uma coletividade mais acautelada transcenda o universo ficcional e se faça presente na realidade brasileira.