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Enviada em: 22/08/2019

O escritor e jornalista Eduardo Bueno aborda em seu livro ''Vendendo Saúde'' o fato da indústria farmacêutica,desde o império brasileiro,trabalhar para criar uma reserva de consumidores e solidificar no imaginário popular a necessidade do uso de remédios.Diante disso,percebe-se que o problema da automedicação no Brasil comprova a consolidação e a perpetuação desse lamentável cenário imperial,visto que o marketing farmacêutico,além do imediatismo da sociedade contemporânea ainda contribuem para o uso desenfreado de medicamentos no século XXI.      É válido ressaltar,a princípio,que o advento da televisão e da internet colaboraram para o aumento da publicidade de produtos ao público.Dessa forma,o setor midiático usa estratégias para convencer os indivíduos a comprarem.Logo,o marketing farmacêutico reproduz a proposta do sociólogo Foucault ao definir  que as relações de poder são exercidas através de seus mecanismos ideológicos e atuam como uma força que coage,disciplina e  controla as pessoas.Isso se deve a capacidade da publicidade farmacêutica despertar sensação de autossuficiência médica em um espectador,o que gera um hábito de compra de drogas quando surgem sintomas de enfermidades.Desse modo,o consumo desordenado de medicamentos vincula-se a esse viés publicitário e mercadológico das indústrias farmacêuticas,uma vez que exerce influência sobre os indivíduos e solidifica a necessidade e eficiência de remédios,semelhante ao abordado por Eduardo Bueno,porém,maximizado pelos novos meios de comunicação ausentes na época do império.     Em consonância a isso,segundo o sociólogo Zygmunt Bauman,vive-se na época em que a vida social passa a ter como centro a existência do imediatismo.Dessa forma,as pessoas optam pela automedicação,já que,além de serem induzidas pela publicidade,desejam resultados fáceis e rápidos,o que diverge da procura de atendimento médico.Nesse sentido,uma pesquisa de 2018 do Instituto de Ciência,Tecnologia e Qualidade(ICTQ) relata que oito em cada dez brasileiros se automedicam.Diante desse triste panorama,surgem problemas como exposição a medicamentos com efeitos adversos potencialmente graves.  Cabe,portanto,ao Ministério da Saúde promover campanhas educativas para reverter tal problemática.Essa ação será realizada por meio de palestras,no meio físico e no meio cibernético,com médicos e farmacêuticos,os quais irão debater a importância do senso crítico em relação a publicidade de medicamentos,a necessidade de consultar um profissional em saúde e as consequências da automedicação,a fim de construir uma crítica visão sobre saúde nos indivíduos e,assim,minimizar os efeitos da mídia sobre eles,o que poderá mudar o infeliz cenário de automedicação no Brasil.