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Enviada em: 23/08/2019

O escritor e jornalista Eduardo Bueno aborda em seu livro ''Vendendo Saúde'' o fato da indústria farmacêutica,desde o Império Brasileiro,trabalhar para criar uma reserva de consumidores e solidificar no imaginário popular a necessidade do uso de remédios.Diante disso,percebe-se que o problema da automedicação no Brasil comprova a consolidação e a perpetuação desse lamentável cenário imperial,uma vez que o marketing farmacêutico,além do imediatismo da sociedade contemporânea,ainda contribui para o uso desenfreado de medicamentos no século XXI.     É válido ressaltar,a princípio,que o advento da televisão e da internet colaboraram para o aumento da publicidade de produtos ao público.Dessa forma,o setor midiático usa estratégias para convencer os indivíduos a comprarem.Logo,o marketing farmacêutico reproduz as relações de poder estudadas pelo sociólogo Foucault,visto que,para ele,as relações de poder são exercidas através de seus mecanismos ideológicos e atuam como uma força que coage,disciplina e controla.Isso se deve a capacidade da publicidade farmacêutica despertar sensação de autossuficiência médica em um espectador,o que gera um hábito de compra de drogas quando surgem sintomas de doenças.Desse modo,o consumo desordenado de medicamentos vincula-se a esse viés mercadológico e publicitário das indústrias farmacêuticas,já que exerce influência sobre os indivíduos e solidifica a necessidade e eficiência de remédios,semelhante ao abordado por Eduardo Bueno,porém,maximizado pelos novos meios de comunicação ausentes na época do Império Brasileiro.     Em consonância a isso,segundo o sociólogo Zygmunt Bauman,vive-se na época em que a vida social passa a ter como centro a existência do imediatismo.Assim,as pessoas optam pela automedicação,posto que,além de serem induzidas pela publicidade e,muitas vezes,não possuírem acesso de qualidade à saúde,desejam melhora imediata dos sintomas,o que diverge da procura de atendimento médico.Nesse sentido,uma pesquisa do ICTQ(Instituto de Ciência,Tecnologia e Qualidade)relata que 8 em cada 10 brasileiros se automedicam.Então,surgem problemas causados pelo uso indiscriminado de remédios,como a  intoxicação  e o aumento da resistência de bactérias.      Cabe,portanto,ao Ministério da Saúde promover campanhas educativas sobre saúde.Essa ação será realizada por meio de palestras,no meio físico e no cibernético,com médicos e farmacêuticos,os quais irão debater a importância do senso crítico em relação à publicidade de medicamentos,a necessidade de consultar um profissional em saúde e as consequências da automedicação,a fim de construir uma crítica visão sobre saúde nos indivíduos e,assim,minimizar os efeitos da mídia sobre eles,o que poderá mudar o infeliz cenário de automedicação no Brasil.