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Enviada em: 27/08/2019

O documentário ''Take Your Pills'', produzido pela Netflix, aborda sobre o crescente uso de remédios estimulantes, como a Ritalina, os quais foram desenvolvidos, inicialmente, para distúrbios cognitivos. No entanto, mediante a facilidade de acesso e a influência midiática, tais fármacos tornaram-se objetos de consumo para indivíduos saudáveis que buscam aumentar o rendimento em suas atividades, refletindo os impactos da automedicação na atualidade. Sendo assim, faz-se necessário desconstruir esses entraves a fim de promover, de fato,o bem-estar coletivo.     Em primeiro lugar,  as farmácias se apresentam como uma opção sem muitos impedimentos nesse cenário. Essa condição se deve, em maior parte, à dificuldade de atendimento no sistema de saúde brasileiro, caracterizado pela má qualidade e demora no atendimento. Consequentemente, as drogarias constituem um local rápido  para a resolução do problema, o que se comprova na  pesquisa feita pelo Conselho Federal de Farmácia - cerca de metade dos brasileiros se automedica pelo menos uma vez por mês e 25% o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. De Fato,o uso irresponsável de analgésicos e vitaminas, por exemplo, constitui uma prática muito comum entre os indivíduos, que, a longo prazo, podem sofrer graves efeitos, como dependência e resistência a medicamentos.      Cabe mencionar, ainda, a ação negativa da mídia televisiva e de outros meio de comunicação. Isso , porque a propaganda massiva dá a impressão de que são produtos livres de riscos, ao passar a imagem de itens milagrosos ou relacionar medicamentos como fontes de qualidade de vida e forma de atingir padrões estéticos ideais. Nessa perspectiva,o índice de consumo de remédios para emagrecer rapidamente triplicou na última década, conforme dados da Folha de São Paulo, sendo esse quadro consequência de anúncios ilusórios. Assim, a publicidade reforça o consumo do medicamento sem necessidade e orientações necessárias para a população, podendo trazer sérios danos à saúde.      Infere-se, portanto, que a prática da automedicação é fator que afeta negativamente a coletividade. Logo, para modificar essa realidade, é salutar que o Ministério da Saúde invista em programas de orientação para profissionais de saúde, farmacêuticos, balconistas e população em geral, para que os medicamentos não sejam usados de maneira imprudente, bem como incentivar a humanização dos serviços de saúde, juntamente com uma melhora das condições estruturais dessas unidades. Ademais, cabe à mídia orientar a opinião pública, alertando sobre os riscos não mencionados nas propagandas, e à ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) maior fiscalização, no intuito de que a sociedade não sejam influenciadas ao consumo negligente desses produtos.