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Enviada em: 04/09/2019

Desde os primórdios da humanidade as pessoas praticam a automedicação. Isso pode ser observado, por exemplo, nos remédios caseiros feitos de ervas e indicados para dores de garganta, cabeça, dentre outras. Na atualidade, esse comportamento permanece, porém, com o uso de remédios industrializados ingeridos, muitas vezes, de forma indiscriminada podendo levar à intoxicação ou até mesmo à morte. Assim, pode-se notar os riscos da automedicação, tanto para o indivíduo de forma imediata, quanto para a população a longo prazo.       A priori, vale ressaltar que a automedicação pode ser prejudicial à saúde. Dentre as consequências desse hábito, encontra-se a superdosagem e a interação medicamentosa que podem levar à graves reações, incluindo o óbito. Segundo uma pesquisa do ICQT (Instituto de Ciência,  Tecnologia e Qualidade), divulgada em 2018, cerca de 79% dos brasileiros afirma ingerir medicamentos sem prescrição. Essa realidade se torna mais preocupante no tange ao fácil acesso à informação proporcionada pela era da internet em que a pessoa, ao sentir algum mal-estar, prefere consultar o "Dr. Google" à procurar ajuda de um profissional.       Em segundo plano, a prática de se automedicar pode causar danos também à população. Isso ocorre na medida em que o uso de certos remédios, como antibióticos, por conta própria, na dose e horários errados,  seleciona os micro-organismos mais resistentes . Assim, uma vez que esses micróbios resistentes estão presentes no ambiente , podem infectar diversas pessoas e tornam o tratamento mais difícil, já que não respondem ao medicamento existente. Como exemplo desse efeito, pode-se citar a bactéria KPC, uma cepa multirresistente que causa diversas mortes no ambiente hospitalar pois inibe a ação de alguns antibióticos, reduzindo as opções terapêuticas. Conforme dados do Centro de Vigilância Epidemiológica Paulista, essa bactéria quadruplicou sua taxa de resistência em 5 anos, o que demonstra que ela se torna mais resistente com o passar do tempo.       Logo, nota-se que a automedicação pode causar danos individuais e coletivos e por isso essa prática deve ser combatida. Para tanto, cabe ao Ministério da Saúde, em parceria com o Conselho Federal de Farmácia, criar cartilhas educativas que demonstrem os possíveis efeitos do uso de medicamentos sem prescrição médica, a serem distribuídos em farmácias, hospitais e postos de saúde. Ademais, a mídia pode contribuir com campanhas vinculadas em horários nobres quanto a essa temática,  a fim de  promover a conscientização das pessoas quanto a esse tema, reduzindo o número de intoxicações e possíveis mortes pela ingestão incorreta de medicações.