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Enviada em: 10/10/2019

"O maior inimigo conhecimento não é a ignorância, mas sim a ilusão de ter conhecimento". Na citação proferida por Stephen Hawking, físico britânico, é exposto o perigo da falsa sensação do saber na vida de uma pessoa. Analogamente, esse pensamento pode ser relacionado aos cidadãos que se medicam sem o acompanhamento médico, baseados em seu próprio conhecimento empírico. Nesse contexto, o debate acerca da automedicação no século XXI tem se tornado cada vez mais pertinente, e isso se evidencia não só pela ausência de fiscalização nas farmácias, que vendem medicamentos sem exigir receita médica, mas também pelo impacto que o uso incorreto de certas drogas podem causar para a sociedade.   É importante atentar-se, em primeira análise, à venda de remédios sem prescrição médica por muitas farmácias, haja vista o monitoramento precário. Embasando-se no panóptico, modelo fiscalizador idealizado por Michel Foucault, filósofo francês, um sistema de vigilância eficiente deve criar a aparente onipresença do inspetor na mente da sociedade, e, dessa forma, assegurar o funcionamento automático do poder. No entanto, a realidade é que são poucos países que garantem essa eficácia, o que abre brechas para os estabelecimentos venderem medicamentos sem receita médica, impactando negativamente a vida dos seus clientes em prol do seu próprio lucro financeiro. Por conseguinte, é evidente a necessidade de enrijecer a inspeção dessas lojas.   Sincronicamente, em segunda análise, é fato que o uso indiscriminado de certas medicações podem impactar não só o próprio indivíduo, como também toda a sociedade. Fundamentando-se no "Imperativo Categórico", proposto por Immanuel Kant, filósofo prussiano, é relevante que toda e qualquer ação colocada em prática tenha como natureza uma preocupação moral e social intrínseca por parte de quem a exerça. Contudo, os cidadãos, ao se automedicarem com alguns medicamentos, como antibióticos, em doses e horários errados, selecionam os microrganismos mais resistentes que, ao se dispersarem no ambiente e infectarem outras pessoas, tornam o tratamento muito mais difícil, já que eles não sofrem mais efeito do remédio convencional. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Hibou, por exemplo, a automedicação é uma prática comum em mais de 90% da população brasileira. Nesse sentido, é indubitável a importância de conscientizar a população a respeito do uso descontrolado dessas drogas.  Em suma, é mister que providências sejam tomadas para amenizar o quadro atual. Com o objetivo de esclarecer as pessoas sobre a automedicação, urge que Órgãos ligados à saúde, como o Ministério da saúde no caso do brasil, promovam, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias na televisão e nas redes sociais, enfatizando os perigos dessa prática não apenas para o próprio indivíduo, mas também para a coletividade, como a criação dos microrganismos resistentes.