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Enviada em: 09/06/2017

É indiscutível que há uma cultura de automedicação no Brasil. Isso se deve a uma ideia de que os remédios caseiros e indicações de parentes e vizinhos são inofensivos a saúde.  Em uma sociedade imediatista, quem tem dor, tem pressa. Entretanto, utiliza-se remédios sem prescrição médica ou se altera as doses, horários e períodos que se deve se medicar, com intuito de ter um tratamento mais efetivo, sem pensar no mal que isso pode trazer no futuro. Nesse contexto, cabe a análise do que leva as pessoas a se automedicarem e quais são as consequências disso. No período colonial brasileiro, a saúde ficava nas mãos dos boticários, que eram indivíduos que prescreviam receitas para a população, possuindo apenas conhecimentos corriqueiros na área. Isso vem se repetindo atualmente, visto que, familiares e amigos que já tiveram um quadro clínico parecido, acabam indicando medicamentos a doentes, sem saber que cada organismo reage de forma diferente. Além do mais, em um país com tamanha dificuldade de acesso a serviços de saúde e com a facilidade de acesso a medicamentos, os cidadãos preferem acatar as indicações de pessoas não especializadas ou até mesmo de propagandas de fármacos na mídia, do que esperar três horas na fila de um pronto socorro por um médico. Afetados diariamente por fatores como stress, trânsito, violência, poluição e entre outros, os trabalhadores não possuem esse tempo para dispor a sua saúde. Em consequência disso, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINTOX), os fármacos são o principal agente causador de intoxicações no Brasil. O uso indiscriminado e irracional de anti-inflamatórios e analgésicos podem ocasionar reações alérgicas, lesões hepáticas e renais graves, irritações gástricas, hemorragias e dependência. Ademais, é tratado somente os sintomas de alguma doença que está sendo mascarada. Assim, dificulta-se o diagnóstico médico, com o risco de agravar o quadro e induzir escolhas inadequadas de tratamento. Se o remédio for um antibiótico, seu uso incorreto acaba selecionando as bactérias mais resistentes, comprometendo a eficácia da droga. Com isso, surge as superbactérias, um risco para toda a população. Pode-se perceber, portanto, que muitos desconhecem da gravidade da automedicação. É necessário que a ANVISA fiscalize as farmácias com mais rigorosidade, com intuito de erradicar a venda sem prescrição e punir quem desrespeita as leis. O Governo deve investir mais em saúde para que todos os brasileiros tenham acesso a hospitais, atendimento rápido e de qualidade. Ademais, é preciso que as escolas em conjunto com as ONGs realizem campanhas, pesquisas e debates que visem informar sobre os riscos dessa prática. Entretanto, é valido lembrar, como disse o poeta chileno Pablo Neruda: "Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências."