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Enviada em: 30/09/2017

A mercantilização da saúde    No século XX, o biólogo Alexander Fleming foi o pioneiro na criação de antibióticos com a criação da penicilina, responsável pela recuperação de milhares de pessoas, inclusive na Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto, observa-se que os medicamentos, os quais em um primeiro momento deveriam ser benéficos, tornaram-se uma armadilha para o indivíduo por conta da automedicação, cuja prática recrudesce na sociedade devido à falta de orientação e de fiscalização no corpo social.     De acordo com estudos realizados na Universidade de São Paulo (USP), a prática da automedicação relaciona-se diretamente com o aparecimento de superbactérias na atualidade, cuja resistência aos antibióticos é estimulada pelo seu uso equivocado. Desse modo, é evidente que a falta de acesso do corpo social a esse conhecimento e aos riscos que envolvem essa atividade – tais como intoxicação e dependência – tem contribuído diretamente com o aumento do número de indivíduos que a efetuam, haja vista que a economia financeira proporcionada pela não realização de consulta médica, sobretudo em época de crise financeira, faz com que essa problemática se difunda ainda mais na sociedade.   Além disso, há ainda a contribuição ilegal das farmácias com essa prática, as quais inconsequentemente vedem remédios sem prescrição. Segundo o sociólogo Theodor Adorno, ao sistema capitalista, o homem interessa tão somente quanto consumidor, reduzindo, assim, a humanidade na indústria de consumo; de forma análoga, observa-se que os comerciantes do meio farmacêutico, ao visarem a obtenção de lucro e aumento nas vendas, têm colocado em risco a vida dos indivíduos que compram sem orientação médica, cuja saúde é perigosamente mercantilizada. Dessa forma, é notório que o governo tem falhado no quesito fiscalização, visto que, de acordo com dados do próprio órgão, mais da metade das farmácias vendem remédio sem receita.     Nessa perspectiva, para que a prática da automedicação possa diminuir no Brasil, mostra-se, portanto, necessária uma ação conjunta entre mídia e Estado. Para tanto, cabe à Secretaria de Comunicação Social, por meio de seu tempo de concessão gratuito nas mídias sociais, veicular campanhas publicitárias que orientem acerca dos riscos existentes no consumo de medicamentos sem acompanhamento médico, mostrando, também, os possíveis resultados dessa atividade na vida de um indivíduo. Ademais, é imprescindível que o Ministério da Saúde, por meio dos recursos destinados a esse setor, crie postos fiscais especializados no acolhimento de denúncias e na penalização das farmácias que contribuam com a automedicação. Assim, o número de intoxicações e dependentes devido a essa prática poderá diminuir significativamente.