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Enviada em: 23/09/2017

Reações evitadas      De acordo com a 3ª Lei de Newton, para toda ação exercida por um corpo, há uma reação de sentido oposto. Partindo dessa perspectiva, a ação de automedicar-se dos brasileiros é um problema que persiste e, frequentemente, acarreta reações ao organismo, trazendo-lhe complicações. Nesse contexto, não só o imediatismo da modernidade, como também o apelo publicitário, são causas determinantes que propiciam a continuidade desse quadro alarmante.      A princípio, é fato que as pessoas estão vivendo tempos de "modernidade líquida", conceito definido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o qual evidencia o imediatismo das relações cotidianas. Nesse sentido, os brasileiros, sobretudo os jovens, movidos pela correria do dia a dia e pela impaciência, optam em não "perder tempo" consultado um especialista e, com isso, tornam um hábito o ato de automedicar-se. Prova disso é que 9 em cada 10 jovens se automedicam, conforme o Instituto de ciência e tecnologia. Dessa forma, esse mau costume é disseminado aos familiares e amigos, o que acaba tornando a automedicação um problema cultural, o qual deve ser combatido.      A publicidade, além disso, é outro fator que agrava esse preocupante cenário. Um bom exemplo disso é que, diariamente, inúmeros comerciais de TV anunciam novos medicamentos, mostrando seus benefícios e, quase sempre, camuflando os efeitos colaterais e contraindicações das substâncias. Dessa maneira, os cidadãos, persuadidos pela linguagem conativa das propagandas, utilizam os fármacos por conta própria, o que, não raramente, resulta em problemas renais e gastrointestinais. Afinal, em uma sociedade capitalista - cujo principal objetivo é o lucro - as empresas farmacêuticas, ao utilizarem comerciais desse tipo, priorizam o retorno financeiro em detrimento da saúde da população.      Incentivar consultar com especialistas  e fiscalizar os conteúdos publicitários são, portanto, caminhos para combater a persistência da automedicação no Brasil. Para tanto, o Conselho Federal de Farmácia, em parceria com empresas de informática, deve criar aplicativos de consultoria online, no qual um farmacêutico especializado dará orientações, virtualmente, de forma prática, aos pacientes. Ademais, o CONAR deve impor às propagandas a obrigatoriedade de conterem os efeitos colaterais e as contraindicações dos fármacos, além de alertarem sobre os riscos da automedicação. Tais medidas diminuirão a prática em questão e, certamente, as reações indesejáveis serão evitadas.