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Enviada em: 19/10/2017

O uso de medicamentos no Brasil é feito indiscriminadamente, acarretando efeitos colaterais indesejáveis. Essa utilização deveria ser acompanhada de receituário médico, todavia, a mídia incentiva à prática nociva, e, em contrapartida, as pessoas se automedicam, já que não há fiscalização adequada no setor farmacêutico.    Primeiramente, apesar de ser garantida por lei, a propaganda de medicamentos induz ao seu uso equivocado, sem contar que cerca de 20 mil pessoas morrem anualmente por se automedicarem, segundo dados da Associação Brasileira de Indústrias Farmacêuticas. Mesmo implícita, a influência existe, pois são apresentados à sociedade, remédios e indicações, fornecendo subsídios insuficientes para criar a sua própria posologia. Com isso, surgem intoxicações e reações alérgicas indesejáveis e perigosas.      Além da mídia, há outro fator que colabora para o uso indiscriminado de remédios: a automedicação. Seja para febre ou dores corporais, a utilização de medicamentos sem prescrição médica já se tornou um hábito para mais de 70% da população brasileira, de acordo com o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ). As consequências são graves, como o surgimento de bactérias resistentes, e decorrem do desconhecimento sobre os riscos farmacológicos e as possíveis interações com outras substâncias, como o ocorrido na década de 50 e 60, que gestantes faziam uso da talidomida para eliminar náuseas, mas seus filhos nasceram com malformação devido às atividades farmacológicas diferentes dos enantiômeros.      Portanto, é preciso desfazer a cultura da automedicação e desincentivar essa prática nociva. Anvisa deve fiscalizar as condutas humanas quanto à compra indiscriminada e, se preciso, taxar os remédios com tarjas, dificultando a sua obtenção sem receita médica. E ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) fica a responsabilidade de averiguar com mais rigor as propagandas que expõem medicamentos, divulgando-as em horários específicos e contendo mais informações, como efeitos colaterais e restrições.