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Enviada em: 20/10/2017

"A diferença entre um remédio e um veneno está só na dosagem." Essa frase de Paracelso, médico e físico suíço do século XVI, descreve, de forma bastante direta, a tênue linha que separa as duas faces que um remédio pode tomar. No Brasil, o uso indiscriminado de medicamentos tem se tornado tão comum e nocivo que já configura um problema de saúde pública.     Dentre os fatores que mais contribuem para esse cenário, destacam-se a influência das propagandas de remédios e a falta de conhecimento da população quanto aos riscos da automedicação. Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia, a automedicação é responsável por 25% dos casos de intoxicação no Brasil, constituindo sua principal causa. Além disso, o uso indiscriminado de medicamentos pode gerar reações alérgicas agudas, efeitos colaterais adversos e mascarar a presença de doenças mais graves, levando, também, a erros de diagnósticos, já que uma terapia inadequada pode retardar o reconhecimento de tais patologias.      Um fator de peso que corrobora bastante para esse quadro é as propagandas de medicamentos. A veiculação constante de anúncios publicitários nos meios midiáticos, incentivando o uso de remédios de caráter paliativo, exerce muita influência sob a população, que muitas das vezes os adquirem sem o menor pudor, já que não necessitam de prescrição médica. Soma-se a isso, a negligência do Estado quanto a políticas de conscientização da população para com o uso de medicamentos: são quase inexistentes as campanhas de combate à automedicação e esse é um tema simplesmente tangenciado nas escolas. Essa autonomia da população, atrelada à ignorância do assunto, vem levando a muitos casos de complicação à saúde que, por vezes, têm um final bastante trágico para os envolvidos.   Visando aliviar esse contexto alarmante, portanto, cabe ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária enrijecer as normas para com a indústria farmacêutica: deve ser abordado, juntamente às campanhas publicitárias, os perigos da banalização do uso de medicamentos e enfatizado de maneira clara as contraindicações para seu consumo. Por fim, para que haja atuação massificada diante doesse problema, o Ministério da Saúde deve instituir campanhas de combate ao uso indiscriminado de remédios, através dos meios midiáticos de alcance nacional, e realizar palestras nas escolas, abrangendo os alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, com profissionais da saúde, no intuito de construir uma sociedade mais consciente, em que o problema da dosagem não se faça mais presente.