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Enviada em: 30/10/2018

Entre os diversos temas que preocupam autoridades políticas e a sociedade em geral, a automedicação tem se destacado. Isso porque fatores como a busca por melhora imediata e a sensação de imunidade perante os efeitos advindos desse ato configuram causas, que ocasionam graves consequências. Nesse sentido, cabe discutir tais causas, a fim de propor soluções. Em primeiro plano, a automedicação é motivada pelo interesse em aliviar sintomas rapidamente. Para evitar consultas médicas e períodos de repouso, o indivíduo angaria informações acerca de seu quadro clínico por meio de fontes duvidosas – sejam elas amigos ou a internet, por exemplo – e, sem aprovação médica, utiliza medicamentos que supostamente inibiriam seus sintomas. O consumo de antibióticos sem prescrição mostra nitidamente esse desejo imprudente. Em decorrência disso, pode ocorrer a seleção artificial do endoparasita que, no caso de bactérias, sobrevivem ao medicamento ministrado as mais resistentes, conhecidas como superbactérias, que já são preocupação mundial quanto ao possível surgimento de novas pandemias. Somada a essa questão, a sensação de imunidade perante os efeitos da automedicação corrobora para a persistência desse fenômeno. Isso porque é erroneamente difundido que, por tratarem doenças, medicamentos são incapazes de causar moléstias. Entretanto, o remédio ainda é uma droga que, se ingerida fora de circunstâncias adequadas, pode ser fatal. Exemplo disso são os nootrópicos, como a cafeína e a ritalina, que funcionam de acordo com o gráfico em “U” invertido: ao superar um limiar de concentração no sangue, tais substâncias podem, ao invés de melhorar o funcionamento cognitivo, prejudicá-lo, provocando taquicardia e desconcentração, para o caso da cafeína. Dessa forma, a automedicação agrava condições, antes benignas. Percebe-se, portanto, que a automedicação possui raízes comportamentais, que causam graves problemas. Para superá-las, é preciso que as escolas, nos diferentes níveis de ensino, instruam os alunos acerca dos riscos de consumir remédios sem prescrição, por meio de aulas de biologia e palestras de médicos direcionadas ao assunto, a fim de formar indivíduos mais responsáveis quanto à saúde. A mídia, por sua vez, deve esclarecer a população sobre a automedicação e seus riscos, desmistificando conhecimentos populares errôneos, através de matérias jornalísticas acerca do assunto e de divulgações pedagógicas nas redes sociais, a fim de evitar medidas temerárias baseadas em noções inexatas. Efetuadas tais medidas, o Brasil certamente terá avanços no combate à automedicação irresponsável.