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Enviada em: 29/10/2017

Já afirmava Claude Lévi-Strauss:" O mundo começou sem o homem e poderá acabar sem ele". Nessa perspectiva, a sociedade presencia um paradoxo, o avanço científico, em contrapartida, ao seu mau aproveitamento. A farmacologia ganhou os contornos que apresenta hoje, apenas  na Segunda Guerra Mundial, com base tecnológica que impulsionou a qualidade e a evolução dos medicamentos. Nesse contexto, surge a problemática da automedicação, a qual persiste, ligada intrinsecamente ao pensamento humano, ora pela ineficácia das leis, ora pela lenta mudança na mentalidade de fração social.        É indubitável que o desamparo governamental seja fator súpero sustentáculo da problemática. Para o eminente filósofo Hobbes, o homem em seu estado de natureza, torna-se seu lobo, carecendo de um poder centralizado para ministrar harmonia. De forma análoga, tal pensamento é rompido, haja vista que o Estado não possui na Constituição leis que restringem o uso de determinados tipos de remédios. Não obstante, a automedicação, muitas vezes benéfica ao se tratar de meios paliativos, adquiri caráter perigoso e prejudicial à saúde- o Estado não detém o lobo.       Outrossim, a lenta mudança na mentalidade de parcela social recrudesce a ação da automedicação. Para Durkheim, o fato social é um evento coercivo, generalizado e repetitivo ao longo do tempo. Nesse âmbito, a automedicação individual é resultado da ação coletiva, sendo passada através das gerações, corroborando a alienação conjunta, resultando em superbactérias, intoxicações e casos severos como o óbito.       Infere-se, portanto, a necessidade de mudanças governamentais e sociais. O Poder Legislativo, a fim de atenuar a problemática, deve tornar mais rigorosa a Legislação, adicionando a lista de medicamentos adquiridos somente com prescrição médica outros fármacos que possam acarretar mal com o uso prolongado, concomitantemente aos antibióticos que já estão nessa lista. Já dizia Jorge Amado “A liberdade é como o sol: o bem maior do mundo”, mas em muitos casos, a liberdade atrela-se a saúde e ao bem estar.