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Enviada em: 13/03/2018

As consequências do Neodarwinismo         Em seus estudos, Max Weber defende que o processo de entendimento da realidade social seria possível por meio da compreensão das ações dos indivíduos. Sob essa ótica, os desafios enfrentados pela automedicação no Brasil exigem uma discussão mais ampla, visto que é paradoxal que mesmo em uma sociedade que se declara majoritariamente informatizada, ainda aconteçam casos de consumo de remédios sem a orientação médica.          Em primeiro plano, a automedicação evidencia a ineficiência do sistema público de saúde no país. Isso decorre, principalmente, por conta do rompimento do Contrato Social, proposto por Jean-Jacques Rousseau, no qual é responsabilidade do Estado a garantia da harmonia social, fato que se comprova pela incapacidade do Sistema Único de Saúde(SUS) em desempenhar seu papel social no que tange à promoção da saúde. Nessa perspectiva, a grande maioria dos brasileiros preferem ir às farmácias do que aos postos de saúde. Como consequência, os impactos da automedicação se mostram evidentes, uma vez que segundo a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, cerca 4500 casos de intoxicação por medicamentos foram notificados em 2011.          Ademais, é indubitável que os efeitos do Neodarwinismo contribuem para agravar os problemas nesse cenário. Isso acontece porque a administração irresponsável de medicamentos, sobretudo antibióticos, colaboram de forma negativa, visto que selecionam indivíduos mais resistentes e dificultam o tratamento. Sendo assim, enquanto a cultura da automedicação estiver baseada na falta de informação e no hábito de ter uma "farmacinha" em casa, problemas como intoxicações, hipersensibilidade, resistência de organismos e pertubações no sistema imune continuarão aumentando no Brasil.          Urge, portanto, que o direito à saúde de qualidade seja, de fato, assegurado pelo Estado. Dessa forma, faz-se necessário que o Ministério da Educação, em parceria com os meios de comunicação, promova campanhas nas mídias televisivas e sociais destinadas à população em geral, com o intuito de incentivar à medicação sob orientação médica, assim como repudiar a prática da automedicação para assim, diminuir os casos de problemas de saúde relacionados a tal questão. Por fim, o Conselho Federal de Farmácia, em parceria com o Ministério da Saúde, deveria atuar por meio da fiscalização regular de farmácias a fim de aplicar multas e sanções àquelas que venderem medicamentos sem a devida prescrição médica, assim como realizar investimentos no SUS, de forma a tornar o atendimento mais prático e eficaz à sociedade.