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Enviada em: 05/04/2018

Na obra ''Memórias Póstumas de Brás Cubas'',o realista Machado de Assis critica,por meio do desejo de Brás em criar o emplasto para obter fama e dinheiro,a overdose de lucros da indústria farmacêutica do século XIX.Esse cenário ainda reflete como os abusos na produção de fármacos são catalisados por uma população pouco preparada para as promessas das drogarias.Destarte,o indivíduo torna-se mais susceptível à dependência,fato que denuncia a urgência por reparos assistencialistas.    É necessário afirmar,antes de tudo,que a intensificação do ritmo de vida contemporâneo catalisa a farmacodependência brasileira.Prova disso é a exponencial demanda por ansiolíticos,os quais promovem não só a falsa sensação de autonomia diante do restrito acesso médico-hospitalar,como também servem de ''muletas'' para as pressões sociais e profissionais.    Acresce-se a isso a importância de retratar como a ética dos negócios ultrapassa a da ciência.Nesse ínterim,a meta de vendas que os farmacêuticos tentam alcançar mensalmente corrobora para a banalização dos remédios ''leves''.Todavia,o que é pouco discutido é que essas drogas aparentemente inócuas,como os anti-inflamatórios,podem ter efeitos teratogênicos,causando malformação fetal, e possuem graves riscos de overdose.Tal conjuntura ratifica o que médico quinhentista Paracelso afirmou:a diferença entre o remédio e o veneno está na dosagem.   Faz-se necessário,portanto,que as Secretarias Municipais contratem médicos para o monitoramento de sites e fóruns de farmácia,de modo a permitir a divulgação de drogas triviais e evitar as intoxicações.Aliado a isso,farmacêuticos devem fazer consultas gratuitas nas estações de metrô,no intuito de esclarecer a população sobre quando é preciso a prescrição médica para adquirir remédios.Assim,com a massificação de psicólogos com palestras sobre os riscos da superdose nas empresas,o indivíduo estará munido de amparo social e, a principal diferença entre o remédio e o veneno não será apenas a dosagem,mas também a informação contra a overdose de lucros já evidenciada em Brás Cubas.