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Enviada em: 15/11/2018

Atualmente, um dos grandes dramas sociais brasileiros é a epidemia de crack. O consumo de drogas ilícitas ainda é um tabu, o transtorno causado pela disseminação de seu uso exige a discussão sobre o tema. Dentre elas, certamente o crack é o mais emblemático: inicialmente visto como uma droga barata e comum entre moradores de rua, hoje ela está presente em todas as classes sociais e é realidade nas grandes cidades.       Indiscutivelmente as drogas são um problema real de toda a sociedade brasileira e o crack é a que mais tem causado danos, mais pela reação equivocada do poder público que pelos usuários em si. Um bom exemplo disso é a chamada "guerra" contra a Cracolândia promovida no ano passado pelo ex-prefeito de São Paulo, João Dória. Sua equipe propunha a internação forçada de dependentes da droga com o propósito de "limpar" áreas centrais degradadas da cidade e criar precedentes para a revitaliza-ção, sem observância de protocolos e orientações de especialistas em tratamento de dependentes químicos, um ataque aos direitos humanos.       Uma vez que o crack é apenas um dos produtos do longo portfólio de opções do tráfico, é importante compreender os números de abrangência da droga. De acordo com a Fiocruz, são cerca de 370 mil usuários regula-res de crack nas capitais de todo o país, o que corresponde a 35% do total de usuários de drogas. Criminalizar ou discriminar toda essa gente, além de inviável, não resolve o problema. Por outro lado, o Sistema Único de Saúde (SUS) não apresenta estrutura adequada para oferecer acolhi-mento e tratamento a dependentes químicos que querem tratamento.       Assim, percebe-se que é importante o desenho de estratégias de alcance nacional para o tratamento dos usuários de crack. As secretarias municipais de saúde devem manter equipes multidisciplinares, com agen-tes de saúde, assistentes sociais e psicólogos, com o propósito de abordar, acolher e estruturar tratamento individualizado para os pacientes, principal-mente aqueles em situação de rua ou abandonados pelas famílias. Assim, com saúde pública e direitos humanos, a epidemia poderá ser controlada.