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Enviada em: 23/08/2018

''um governo que quer acabar com o crack, mas não tem moral pra vetar comercial de cerveja'', o trecho faz parte da música ''Duas de Cinco'', do cantor de rap Criolo. Nela, o artista critica a ineficiência do poder federal na execução de atitudes simples, como controlar as propagandas de incentivo ao alcoolismo e, com isso, se mostra descrente perante a questão do crack na sociedade atual. Utilizado como uma alternativa para se fugir da realidade nas ruas das grandes cidades e, em consonância com a ineficiência de medidas municipais, a epidemia segue se alastrando e faz cada vez mais vítimas.    Destaca-se, a princípio, a opção dos moradores de rua pelo uso de crack como forma de sanar a fome, o frio e, muitas vezes, a solidão e a invisibilidade social. Os traumas psicológicos, a falta de estrutura familiar e as diminutas oportunidades econômicas levam à rua, anualmente, milhares de pessoas. Com isso, muitos iniciam o uso de drogas em prol da sensação de bem estar perante a condição. Segundo a Coordenadoria de Prevenção às Drogas, cerca de 60% desse grupo faz uso de maconha ou crack. Contudo, o efeito de intensa fome ocasionado pelo uso da maconha, os leva a preterir, a longo prazo, a segunda droga, contribuindo para o aumento progressivo no número de dependentes e dos problemas acarretados, como o aumento dos furtos, roubos e desinteligências.    Outrossim, ressalta-se, igualmente, as falhas na contenção do uso e do tráfico nos centros urbanos. Recentemente, a gestão de João Dória, na prefeitura paulistana, optou por práticas de cunho ''embelezador'' na cidade. Através da força, houve a dispersão de usuários e traficantes na região conhecida como Cracolândia e a derrubada de assentamentos. Entretanto, apesar da limpeza do trecho de quase meio quilômetro, agora sem o aglomerado de usuários, causou um novo problema: o espalhamento por regiões vizinhas e a formação de novos grupos. Dessa forma, após as críticas e a impopularidade do governo, cresceu a defesa de internações compulsórias decididas pela Justiça. Porém, a atitude surtiu baixo efeito, devido ao grande retorno dos viciados ao consumo da droga.   A epidemia de crack no Brasil deve-se, sobretudo, ao constante crescimento no número de novos dependentes e, conjuntamente, a incapacidade governamental em reprimir a venda e o uso. Cabe, portanto, a adoção de medidas capazes de conter seu avanço. Logo, o Ministério do Desenvolvimento Social deve buscar alternativas para a reintegração dos desabrigados, como a oferta de centros de acolhimento que forneçam alimentação, e, também, qualificação profissional, a fim de evitar o contato com o entorpecente e tratar os que já fazem uso. Bem como, é preciso aumentar o policiamento ostensivo em regiões de consumo, a fim de se coibir a venda e auxilar no recrutamento dos que optam pela internação, para garantir maior segurança para os moradores e frequentadores dos arredores.