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Enviada em: 18/08/2017

O crack, assim como outras drogas psicoativas ilícitas, é uma síntese da busca natural pelo prazer, tendo um efeito mais intenso que o de sua droga primária, a cocaína, sendo mais viciante e com um efeito mais rápido. Porém, esse prazer tem um preço, um preço que, infelizmente, é cobrado em juros, sendo, por vezes, preciso o auxílio de terceiros para que o dependente possa abandonar a substância. Por ora, o usuário submete-se a uma busca fervorosa pela droga, podendo se tornar uma ameaça para outras pessoas. A dependência química do crack se dá pelo estímulo do sistema de recompensa do cérebro e, por vezes, da experiência de prováveis alucinações. O resultado disso é a ilusão do bem-estar físico e emocional, gerando o vício. Entretanto, os efeitos da abstinência, retratados no livro "Estação Carandiru" de Dráuzio Varella, resultam num indivíduo próximo da esquizofrenia e da depressão, sentindo-se ameaçado a todo momento, com dificuldades até mesmo para dormir e se relacionar. Consequentemente, o indivíduo torna-se violento e tenta "se curar" fumando mais crack, fazendo com que uma das maiores preocupações quanto ao usuário seja relacionado ao risco que ele gera às pessoas ao seu redor, inclusive por conta de métodos de intimidação utilizados pelos traficantes. Por conta disso, pesquisas como a da Fiocruz levantam a hipótese de que o crack seja utilizado como um refúgio à realidade. O perfil geral traçado pela instituição aponta para uma classe social marginalizada, especialmente no Sudeste e no Nordeste, onde predominam elevadas discrepâncias sociais. Entretanto, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo mostra que não se pode desprezar o uso da droga por parte de indivíduos de camadas sociais mais elevadas. Por conta desses e de outros fatores não citados, não se pode combater a epidemia de crack com medidas coercitivas direcionadas ao usuário, tampouco focando-se apenas em ações coercitivas. A Polícia Militar deve se concentrar em realizar operações de busca-e-apreensão de produtores e fornecedores da droga, apoiando-se em depoimentos de alguns capangas de tal máfia. Os cuidados direcionados ao usuário devem ser incentivados pela família e amigos, que, através do amparo social e emocional, podem estimular a busca pelo tratamento. Recomenda-se também maiores investimentos por parte do governo, não só em clínicas de reabilitação, buscando aumentar a capacidade das mesmas, o número de clínicas por região e a qualidade de seus tratamentos, mas também em instituições de ensino, visando conceder maior acesso à educação, permitindo, assim, a inclusão social. Também não se pode deixar de comentar da importância de campanhas de conscientização em escolas, como é o caso do PROERD, que busca informar sobre os malefícios de drogas como o crack.