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Enviada em: 19/08/2017

Compostos químicos beneficiaram a humanidade ao longo de séculos, a exemplo de antibióticos. Entretanto, o desenvolvimento de drogas, como o crack, propiciou uma queda na qualidade de vida de seus usuários. No Brasil, infelizmente, é bastante alto o percentual de cidadãos que utilizam esse derivado da maconha. Dessa maneira, uma ampla discussão acerca dessa problemática, seja pelo viés da falta de diálogo sobre a droga abordada, seja pela ótica da segregação do viciado, é fundamental.          Em uma conjuntura marcada por uma necessidade de renovação constante do prazer, segundo a liquidez das relações proposta por Bauman, ocorre uma negação de qualquer obstáculo a essa concepção utópica de mundo. Por conseguinte, a não-conversação sobre assuntos polêmicos, como o uso do crack, em diversos âmbitos da vida, sobretudo na família, promove um sentimento conformacionista, deixando subentendida uma banalização inevitável dessa substância no cotidiano. Assim, há um abandono do proveito da capacidade transformadora da realidade a partir da lógica do estranhamento, amplamente trabalhada por Clarice Lispector em sua obra, o que dificulta o combate à disseminação da droga tratada. A materialização dessa perspectiva é ilustrada por núcleos familiares com jovens consumidores de crack nos quais não se discute essa situação, banalizando-a.         Outrossim, vale ressaltar que a marginalização de viciados colabora para o desenvolvimento, nesses indivíduos, de um sentimento de irrelevância para com o coletivo. Logo, diminui-se a busca espontânea por tratamentos clínicos. Isso ocorre pois há uma subversão do pensamento do psiquiatra Paulo Gikovate, que preza pela capacidade do próprio cidadão de se transformar positivamente, já que a pessoa isolada tem pouca autoestima para impulsionar mudanças. Ademais, com a recusa à intervenção, por parte do usuário de crack, de profissionais da saúde, esses dependentes químicos podem disseminar, de acordo com a coerção social Durkheimiana, seus vícios através de influências para grupos fragilizados e facilmente persuadidos. Dessa forma, perpetua-se a problemática no país.         É necessário, então, que o Ministério da Saúde junto à iniciativa privada midiática promovam o debate acerca das consequências da utilização do crack, através da exibição de palestras periódicas no horário nobre, sendo elas ministradas por autoridades nacionais no assunto em pauta, fomentando a necessidade de dialogar o tema entre as pessoas. Para mais, é fundamental que as Secretarias Municipais pratiquem a inserção cidadã de dependentes químicos, por meio da criação de eventos para encontro entre psicólogos locais e famílias com membros acometidos por vício, orientando a população sobre a importância de manter os grupos lesados em um ambiente não-hostil, visando à sua futura recuperação. Isto posto, é possível mitigar a problemática desenvolvida.