Materiais:
Enviada em: 23/08/2017

Segundo o sociólogo Emile Durkein, os fatos sociais, que atingem coercitivamente a sociedade, são regulados pelas instituições, como Igreja, família, escola. Nesse sentido, é possível afirmar que o aumento no consumo do crack por adultos brasileiros constitui fato social que causa forte impacto negativo no desenvolvimento do país, haja vista os prejuízos sofridos na integração social, bem como na capacidade produtiva do usuário. Nesse contexto, a problemática persiste pelo enfraquecimento das relações familiares modernas em consonância com políticas públicas inadequadas.              No que se refere às relações familiares, cabe salientar que a prevenção ao vício do crack precisa ser trabalhada inicialmente pela família, que deve envidar esforços para conscientizar seus integrantes quanto aos prejuízos e riscos causados pelo uso droga, como isolamento social do usuário e alto poder viciante da substância. No entanto, o enfraquecimento das relações familiares apresenta-se como obstáculo para a realização plena da função citada, em virtude do individualismo percebido nas famílias modernas. Isso se evidencia conforme o pensamento do sociólogo Zygmunt Bauman, em seu conceito de modernidade líquida, o qual afirma que o isolamento é uma das principais características da pós modernidade.            Outrossim, é inquestionável que o usuário de crack torna-se rapidamente dependente químico, situação que deve ser tratada invariavelmente como doença. Nesse cenário, a coerção ou punição do Estado não são capazes de deter o avanço do mencionado problema no país. Constata-se, pois, imperativo que o paciente tenha acesso ao tratamento adequado e individualizado, por iniciativa própria, conforme o estágio da doença. Comprova-se isso pelo fracasso da operação policial realizada na localização conhecida como cracolândia, no Rio de Janeiro, que, pelo uso exclusivo da força, resultou apenas na expulsão de usuários e traficantes daquele local. Sob essa conjuntura, sem a possibilidade de tratar o vício tóxico, o consumo diário permaneceu, apenas foi transferido para outra localidade.               Destarte, conforme a teoria do fato social, infere-se que as instituições podem regular a ordem social. Dessa forma, as Organizações Não Governamentais devem realizar palestras, em parcerias com universidades e igrejas, com o intuito de promover debates sobre o papel familiar no combate ao avanço do crack, assim como conscientizar a comunidade sobre os prejuízos e riscos causados pelo consumo da droga. Além disso, o Ministério da Saúde deve organizar equipes multidisciplinares - médicos, psicólogos, assistentes sociais - para atendimento aos usuários em situação de rua, com o propósito de orientá-los quanto aos tratamentos disponíveis. Assim,  tornar-se-á possível combater esse problema que aumentou significativamente nos últimos anos.