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Enviada em: 27/09/2017

A epidemia de crack no Brasil é consequência de políticas de intervenção ineficazes, que abordam a problemática como uma questão de segurança, optando por tratar seus sintomas, não suas reais causas: o vício.  A exemplo disso, é possível citar a recente ação - de caráter extremamente violento e higienista - realizada pela prefeitura de São Paulo na região da Cracolândia. Uma vez que não possui como objetivo a recuperação do usuário, mas sim a "limpeza" de um determinado espaço, essa medida, como outras de mesma natureza, ignora as reais necessidades dos dependentes químicos, dificultando seu tratamento e reinserção na sociedade.  Concomitantemente, esse tipo de abordagem, ao fazer uso da internação compulsória, prejudica a eficácia do tratamento, pois obriga o usuário indisposto e despreparado psicologicamente a se submeter ao doloroso processo de abstinência, tornando-o, assim, muito mais apto a uma  possível recaída. Ademais, a internação involuntária infringe o direito constitucional à liberdade, visto que a pessoa é considerada incapaz de tomar decisões por conta própria sem que seja realizado algum processo para determinar se isso é ou não verdade. Em vista da situação exposta, tornam-se necessárias medidas que busquem a real recuperação do dependente do crack, tendo como enfoque sua reintegração à sociedade. O Estado, nesse contexto, deve adotar políticas que promovam o desenvolvimento social, gerando trabalho e estabilidade aos dependentes em tratamento e diminuindo o índice de recaída da droga. Além disso, a discussão sobre os efeitos do crack deve ser incentivada desde cedo, por meio da implantação do assunto ao currículo de biologia de estudantes do ensino fundamental, reduzindo-se, dessa maneira, o número de pessoas que iniciam o uso da droga.