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Enviada em: 11/10/2017

Substâncias alucinógenas e entorpecentes extraídas de ervas têm seu uso há milênios na história da humanidade, sendo utilizadas para o alívio de dores, rituais religiosos ou recreação. No entanto, com o avançar das técnicas laboratoriais, foram surgindo compostos sintéticos de tais substâncias que passaram a oferecer sérios riscos aos indivíduos e à sociedade, dentre elas o crack. No Brasil, essa droga tem tomado proporções assustadoras e seu combate se faz mais que necessário e urgente. Nesse sentido, é preciso entender que o enfrentamento ao crack se dá não só por meio da repressão policial, mas sobretudo como um caso de saúde pública.         A principal forma de combate às drogas ilícitas no Brasil é a repressão policial, que na maioria das vezes ataca muito mais usuários do que traficantes. Estes, por sua vez, não se intimidam diante do Estado e exercem uma espécie de poder paralelo, controlado principalmente áreas onde as ações governamentais são mais ausentes, como as favelas. Nesse contexto, a disputa entre polícia e tráfico tem se transformado em uma guerra que parece não ter fim. Segundo Eduardo Galeano, "na luta entre o bem e o mal, é sempre o povo que morre". Diante disso, o que se pode observar é que a repressão estatal à venda de drogas não tem tido os resultados mais satisfatórios, que além de não reduzir o consumo das drogas, coloca populações inteiras aos riscos dessa cruzada entre polícia e traficantes.       Ademais, uma outra perspectiva imprescindível para o combate ao avanço do crack é encarar o problema como sendo de saúde pública. O crack gera dependência química e a oferta de tratamento adequado é o meio mais eficaz para recuperar usuários. Ocorre que a cobertura para esse tipo de tratamento pelo Sistema Único de Saúde ainda é pequena, não conseguindo atender a atual demanda, principalmente em regiões distantes dos grandes centros. Outrossim, entender o craque como problema de saúde pública não é tarefa apenas do Estado. É possível perceber, no seio da sociedade, o olhar sobre as drogas como uma questão ordem moral, deixando de observar que a dependência química é uma doença e, por isso, exige tratamento especializado.       Diante disso, percebe-se que o crescimento do crack no Brasil é uma realidade preocupante e que precisa do empenho de toda a sociedade na construção das soluções. Faz-se necessário, portanto, a aproximação entre polícia e comunidades, por meio de conselhos comunitários, no sentido de diminuir a violência nas favelas. De outro lado, o Ministério da Saúde deve ampliar a rede de atendimentos a dependentes químicos construindo centros de recuperação e fazendo parcerias com entidades filantrópicas que atuem na área. Por último, numa perspectiva de prevenção, escolas e ONGs, devem promover meios quem diminuam a exclusão social, como a prática esportiva e incentivo às artes.