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Enviada em: 27/06/2018

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana da criação e efetivação de leis contra os crimes de pedofilia , os quais buscam ultrapassar as barreiras que separam a proteção da privacidade. Nesse contexto, não há dúvidas que a falta de uma constituição online, bem como a falta de diálogo sobre o tema intensificam essa problemática.                 A constituição cidadã de 1988 assegura invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Consoante Aristóteles no livro “Ética a Nicômaco”, a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo se verifica que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil visto que cerca de 20% dos pedidos de orientação psicológica que a ONG SaferNet - uma associação civil  de direito privado - recebe são referentes à exposição de fotos íntimas. Em sua maioria (53%), as vítimas são mulheres de até 25 anos.                             Outrossim, a falta de diálogo sobre o assunto é um grande impasse para a efetiva solução do problema. Tristemente, a existência da discriminação contra as vítimas do crime de pornografia é reflexo da valorização dos padrões criados pela consciência coletiva. No entanto, segundo o pensador e ativista francês Michel Foucault, é preciso mostras às pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos errôneos construídos em outros momentos históricos. Assim, uma mudança nos valores da sociedade é fundamental para transpor as barreiras à discriminação e proliferação de imagens intima.            Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esse problema. Cabe ao Ministério da Educação, aliado aos órgãos midiáticos criar um projeto para ser desenvolvido nas escolas o qual promova palestras, apresentações artísticas e atividades lúdicas a respeito dos direitos dos cidadãos a vida privada e imagem pessoal, bem como promoção da empatia e diálogos sobre o assunto – uma vez que ações culturais coletivas têm imenso poder transformador – a fim de que a comunidade escolar e a sociedade no geral – por conseguinte – conscientizem-se. Desse modo, a realidade distanciar-se-á do mito grego e os Sísifos brasileiros vencerão o desafio de Zeus.