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Enviada em: 01/11/2018

As relações sexuais entre adultos e crianças, eram vistas com naturalidade pelas antigas sociedades ocidentais. A exemplo disso, na Grécia Antiga, a prática da pederastia era cultuada e tinha função civil, o jovem grego, menor de 18 anos, era transformado em cidadão por um homem adulto chamado de mentor-amante. Atualmente, no Brasil, essa prática é condenável e criminosa, assim como a pedofilia. Entretanto, a pedofilia é recorrente e facilitada pelo uso da tecnologia no país. Além de ser influenciada pela erotização da criança, e facilitada pela negligência dos pais, sendo esse um mal a ser combatido.   Nessa conjuntura, a objetificação da criança em programas televisivos e propagandas são um agravante do problema. A título de exemplo, durante a obra "Lolita", de Vladimir Nabokov, a personagem Dolores, sofre abusos psíquicos e sexuais de seu padrasto. No entanto, parte dos leitores tendem a romantizar o livro, acreditando na narrativa não confiável do criminoso que compara à menina com uma "ninfeta" - uma sedutora conivente com as práticas sexuais - a fim de justificar seus crimes. Fora dos livros, a visão erotizada da criança é comum, a indústria investe em modelos que incentivam os infantes em comprar produtos que estimulam essa sexualização, por conseguinte, a vítima é acusada por usar roupas sensuais, apesar de só corresponder a publicidade. Por tudo isso, a criança e adolescente estão cada vez mais expostos, e com o avanço das redes sociais tornam-se suscetíveis à agressores na internet, que aproveitam-se da vulnerabilidade infantil.   Mormente, destaca-se a negligência familiar, como um problema para abrandar esse panorama. A esse respeito, Zigmunt Bauman, sociólogo polonês, desenvolveu o conceito de “instituição zumbi”, segundo a qual algumas instituições, dentre elas, a família, mantêm sua forma a todo custo, mas perderam sua função social e necessitam de reestruturação. Sob tal ótica, é irrefutável que embora a dignidade e liberdade seja um direito constitucional da criança e adolescente, bem como, um dever da família, sociedade e Estado, ainda há carência de projetos, que de fato preparem esses cidadãos para os desafios advindos da pós-modernidade, visto que, segundo um levantamento feito pela Folha 40% dos casos de abuso sexual ocorrem no âmbito intra familiar, o que atesta a ineficiência sociopolítica.   Somando-se aos aspectos supracitados, estratégias são necessárias para reverter esse cenário. Para isso, o MEC juntamente com o Ministério da Cultura deve desenvolver palestras em escolas, para alunos do Ensino Fundamental e Médio, por meio de entrevistas com vítimas da pedofilia, bem como especialistas no assunto. Tais palestras devem ser webconferenciadas nas redes sociais dos ministérios, com o objetivo de trazer mais lucidez sobre o tema e atingir um público maior, a fim de estimular que as vítimas denunciem seus agressores e reprima qualquer forma de erotização infantil.