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Enviada em: 02/11/2018

Na célebre obra teatral de Gil Vicente "O auto da barca do inferno" tem o principal desígnio retratar as incoerências existentes na Idade Média, através do julgamento moral enfatizando as hipocrisias sociais. No presente, essas incoerências caracteriza a postura social brasileira, em que os crimes de pedofilia na internet são banalizados e romantizados pela cultura coletiva. À vista disso, a problemática se intensifica conjuntamente, devido a omissão instrucional das famílias, tal como, pela negligência governamental e o uso exacerbado da tecnologia.  Mormente, é preciso dissertar que na literatura romântica, a pedofilia é vista muitas vezes de forma banal e camuflada. À exemplo disso, a poética de Valter Hugor Mãe "A desumanização" retrata adequadamente essa temática por se tratar de uma história sexual entre uma criança desamparada e um adulto, que usa de sua inocência para obter proveito. Nesse contexto, lamentavelmente essa obra configura a realidade de mutas crianças brasileiras vítimas desse crime repudiante -sobretudo através da internet-  devido à pouca instrução dos progenitores acerca dos perigos encontrados na rede, porquanto, estima-se que cerca de 95% das vítimas, são crianças abaixo de 13 anos, rompendo portanto, a harmonia familiar, cuja principal função é doutrinar e formar socialmente os descendentes.  Convém mencionar, ainda que os avanços tecnológicos contribuem fortemente para que os crimes sexuais se intensifique, conquanto, consoante Zygmunt Bauman, na era da informação a invisibilidade equivale à morte, logo, partindo dessa afirmação, nota-se que o grande uso das redes sociais, especialmente desde a fase inicial da vida, suscita a propagação da pedofilia devido a inocência dessa esfera, e por isso, grande parte não denunciam por não obterem a instrução devida e com isso, esses hábitos se tonam obductos. Concomitantemente, essa situação repulsiva, está associado à inexistência ou a incipiência de medidas eficientes governamentais para combater essa infração, haja vista que conforme Thomas Hobbes, o Estado é responsável pela asseguração do anseio social.  Diante do exposto, para que as incoerências retratadas por Gil Vicente sejam finalmente superadas, é mister que a Escola promova a formação de cidadãos conhecedores e morais, sendo instruídos sobre o meio tecnológico através de debates e feiras culturais por profissionais nesse âmbito, com a presença das famílias. Ademais, o Estado como gestão de interesses coletivos, deve ampliar as leis de combate à pedofilia, por meio de maiores investimentos na tecnologia para que a Polícia Federal possa rastrear os criminosos, aumentando também as leis punitivas para esses infratores. Somando-se a isso, os veículos midiáticos devem coadjuvar sobre os riscos do uso exacerbado das redes sociais, e instruir a população a denunciar esses casos. Dessarte, poder-se-á, promover um país seguro para todos.