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Enviada em: 02/11/2018

Desde o iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa os desafios para se combater a pedofilia mediada pela internet, no Brasil, hodiernamente, verifica-se que esse ideal iluminista é constatado na teoria e não desejavelmente na prática e a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela ineficiência do estado em políticas de segurança pública e saúde, seja pela negligência da família quanto à proteção da criança.        Primeiramente, é indubitável que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre as causas da persistência da pedofilia mediada pela internet. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a ineficiência do estado quanto às políticas de segurança pública e saúde rompe essa harmonia, haja vista que, ao considerar a pedofilia apenas como um crime e não uma doença, os pedófilos não recebem tratamento psiquiátrico quando aprisionados. Dessa forma, ao retornar à sociedade, esses indivíduos estarão suscetíveis a cometer os mesmos crimes e essa mazela continuar se perpetuando na sociedade.        Além disso, faz-se mister, ainda, salientar a negligência da família quanto a segurança da criança como impulsionador de casos pedofilia pela internet. De acordo com Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações sociais, políticas e econômicas é a característica da “modernidade líquida” vivida no século XXI. Diante de tal contexto, observa-se, atualmente, uma postura displicente dos pais quanto ao uso inconsciente e vicioso de redes sociais pelas filhos, meio que enaltece a criança que aparenta um adulto, como por exemplo, pela forma que ela se veste ou fala. Ademais, elas mostram publicamente sua rotina diária e locais onde frequentam, e em conjunto com o supracitado acima, excitam e facilitam a ação de pedófilos, seja pelo contato virtual com as crianças, seja de forma presencial.        É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem a inexistência da pedofilia mediada pela internet no Brasil. Destarte, uma ação intersetorial deve ser feita pelos Ministérios da Educação, da Segurança e da Saúde, promovendo campanhas de conscientização, pelos meios midiáticos, no intuito de mostrar os principais tipos de comportamento de pedófilos na internet, o risco da exposição exagerada de crianças nas redes sociais e a importância de denunciar qualquer ação suspeita de pedofilia. Dessa forma, tanto o Estado quanto a família estarão corroborando com o cumprimento da Constituição Federal ao proteger as crianças desse mal.