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Enviada em: 03/11/2018

Brás Cubas afirma: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria". Esse posicionamento pessimista em relação à forma de sociedade herdada pelas crianças mostra-se extremamente atual. Na conjuntura contemporânea, verifica-se que pensamentos análogos aos do defunto-autor de Machado de Assis possuem em sua base construtiva o fato de que crimes de pedofilia online ocorrem de modo constante. Consequentemente, torna-se imprescindível,analisar os meios que possibilitam a ampliação dessa prática, bem como o papel dos pais no combate a essa realidade.    É relevante abordar, primeiramente, que o campo cibernético proporciona a polarização desse comportamento. Segundo o artigo 241-E do ECA, pedofilia é um desvio sexual que leva um indivíduo adulto a se sentir sexualmente atraído por crianças. Assim sendo, o advento da internet possibilitou que crimes dessa natureza fossem realizados no anonimato, por meio do qual o praticante tem a possibilidade de entrar em contato com inúmeras vítimas, muitas vezes por meio de perfis falsos, e estimulá-las ao contato. Acrescenta-se a isso, o fato de que o público alvo desse delito está cada vez mais conectado e de forma precoce, sem possuir conhecimento sobre as dimensões do mundo virtual.        Outro fator imprescindível a ser analisado é a intervenção dos familiares na prevenção desse impasse. Segundo Ernie Allen, advogado americano especialista no combate à pedofilia, o uso precoce e não monitorado da rede pode representar grandes riscos para as crianças. Nota-se que por diversas razões os pais negligenciam a supervisão do acesso de seus filhos à internet: seja por compromissos da rotina, seja por não possuírem conhecimentos do lado obscuro do mundo online, seja por pensarem tê-los protegidos quando estão em casa. No entanto, a falta de monitoramento permite aos menores acessarem conteúdos impróprios e se conectarem com pessoas de má índole. Soma-se a isso seu baixo senso crítico, por vezes, incapazes de perceber a malícia de palavras e ações. Tal conduta, torna as crianças alvos fáceis de pedófilos no ambiente virtual.       Evidencia-se, portanto, que a internet possibilitou a expansão dos crimes de pedofilia online. Dessa forma, faz-se necessário que as empresas de tecnologia criem mecanismos de bloqueio para sites com conteúdos impróprios quando acessados por internautas menores de idade, a fim de que a internet torne-se um meio de aprendizado. Além disso, os pais e também as escolas devem monitorar ativamente os "sites" acessados pelas crianças e, através de campanhas e rodas de conversa, informá-las sobre os perigos que rondam as redes sociais quando utilizadas sem a devida precaução. Somente assim, pensamentos como o de Brás Cubas tornar-se-ão arcaicos, uma vez que caminharemos rumo a construção de  uma sociedade que possibilite a proteção e o pleno desenvolvimento da infância.