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Enviada em: 03/11/2018

"Lolita", obra de Vladimir Nabokov sobre a relação doentia entre um homem adulto e uma menina, demonstra como uma mente mal intencionada pode persuadir a criança. Fora do universo literário, na nova era digital, a pedofilia dissemina-se na internet como uma triste realidade brasileira, reflexo da desorientação familiar e escolar dos infantes, bem como da ineficácia das políticas de prevenção contra tal crime no país, o que dificulta o seu combate.        Diante disso, é indubitável que a escassez de espaços de diálogo - nas famílias e nas escolas -  quanto aos perigos da internet para as crianças esteja entre as causas dessa problemática. Segundo Hannah Arendt, o mal insere-se pela irreflexão social. Seguindo essa linha de pensamento, a não exposição das práticas seguras para o uso das redes sociais, como o Facebook, pelos pais e professores aos seus filhos e alunos, a exemplo do não compartilhamento de fotos íntimas e de não falar com estranhos, possibilita o aliciamento menos resistente - inconsciente - das crianças por grupos criminosos de pornografia infantil, os quais utilizam de perfis falsos nas mídias digitais. Como resultado disso, tem-se a disseminação de materiais áudio-visuais pornográficos pueris na internet.       Outrossim,  a ineficácia das ações preventivas contra essas transgressões no Brasil agrava tal quadro. Para Aristóteles, a política deve ser usada de modo a alcançar o bem-estar dos cidadãos. Entretanto observa-se que tal ideal não é devidamente praticado pelos entes federativos nacionais, haja vista que não há no país uma plataforma que reúna as denúncias e informações sobre a pedofilia no meio digital, de acordo com a ONG Safernet. Isso dificulta a articulação dos órgãos investigativos nacionais, como as polícias federal e civil, inviabilizando, frequentemente, o desmonte dessas quadrilhas frente a desordem e não mapeamento dos dados, o que compromete o bem-estar das crianças brasileiras.        Dessa forma, urge que o Estado tome medidas para enfrentar a pedofilia na internet no país. Destarte, o Governo, através do Ministério da Educação, junto à ONGs, deve introduzir o diálogo sobre os perigos da redes sociais para pais e alunos nas escolas por meio de rodas de conversas e oficinas com especialistas em educação digital, a fim de ensinar as crianças e suas famílias o uso adequado das mídias virtuais e tornar os infantes menos suscetíveis à abordagem dos criminosos. Por fim, o Ministério da Segurança Pública, mediante parcerias com os órgãos investigativos estaduais e municipais, deve criar uma plataforma digital que reúna e organize os dados sobre a pornografia infantil na internet. Assim, poderar-se-á mitigar esses crimes e proteger as crianças - "Lolitas" - da nação.