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Enviada em: 16/03/2019

Sob a perspectiva antropológica de Claude Levi-Strauss, pai do estruturalismo, é necessário compreender o mecanismo funcional de um corpo social para obter um maior entendimento dele e de seus conflitos. Nesse sentido, a problemática dos crimes de pedofilia na internet, lamentavelmente perceptível no cotidiano, instiga a sociedade a refletir sobre os caminhos para combater essa questão. Assim, é lícito afirmar que o Estado, com sua ineficiência administrativa, além da inércia de parte das famílias, colaboram para a perpetuação desse revés.     Convém ressaltar, antes de tudo, que é ingênuo acreditar que o Governo cumpre seu papel no que se refere à questão. Apesar de existir, de fato, ações que visam garantir a proteção das crianças no ambiente virtual, como a CPI da pedofilia, grupo parlamentar que apresentou projetos que objetivavam a inibição de pedófilos online, apenas medidas pontuais dessa natureza são incapazes de conter o fato de que, em plena era digital, os infantos ainda são um alvo. Prova disso é, segundo matéria veiculada no portal UOL em janeiro de 2019, o recebimento, apenas em 2018, de mais de 2000 denúncias de práticas pedófilas na rede pela Polícia Federal (PF). Embora tenha sucesso na resolução de muitos desses casos, é visível ainda faltar na PF tecnologia de ponta e um maior efetivo de pessoal que, combinados, poderiam atender com maior eficácia a alta demanda desses crimes. Destarte, ao ignorar que políticas de investimento na instituição policial podem ajudar no cenário, por sua vez, o Estado torna-se ineficiente e contribui para a manutenção de tamanha crueldade.     Outrossim, não há dúvidas de que a postura inerte de parte dos núcleos familiares colabora para o impasse. É perceptível que, com a incorporação precoce de smartphones e laptops à rotina das crianças, os responsáveis acabam por negligenciar um monitoramento rígido sobre os hábitos das mesmas na internet, o que as torna suscetíveis a males virtuais, entre eles, a ação de pedófilos. Sob esse aspecto, Sigmund Freud em ''O mal-estar na civilização'' diz: ''Não há necessidade tão grande da infância quanto a necessidade da proteção de um pai''. Desse modo, vê-se que uma conduta desatenta pode ser nociva, fato constantemente noticiado em reportagens televisivas e dito por especialistas.    Faz-se evidente, portanto, que ações são necessárias para alterar essa conjuntura. Para que isso ocorra, o Ministério da Justiça, por meio da criação de um Plano de Combate à Pedofilia na Internet, deve aumentar os repasses financeiros à PF, com o objetivo de realizar concurso público para contratação de pessoal e aquisição de itens de tecnologia da informação que ajudarão na solução dos crimes, como softwares já existentes que identificam a origem de imagens. Somado a isso, tal Plano deve conter a realização palestras em escolas, que alertarão os responsáveis sobre os perigos da web.