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Enviada em: 03/11/2017

Acredita-se que no decorrer da formação do conceito de dignidade, do Cristianismo aos horrores da Segunda Guerra, o filósofo Immanuel Kant defendeu a ideia que todo ser humano é digno. Entretanto, na sociedade brasileira, sobretudo nos últimos anos, presenciam-se situações caracterizadas por atos e comportamentos que atentam contra a integridade física e psíquica das crianças: a pedofilia. Em vista disso, é preciso analisar de que forma a sexualidade vem sendo tratada nas instituições sociais e como a tecnologia influencia na perpetuação da violência infantil.      A priori, a educação sexual nas escolas se limita à natureza biológica do sexo. De acordo com a psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão, a maioria dos educandários tratam somente do aparato biológico e da sexualidade genital. Em virtude disso, assuntos como direitos sexuais e reprodutivos são raramente conhecidos pelos alunos. Logo, essa falta de informação faz com que muitas crianças e adolescentes enxerguem a realidade de forma distorcida, visto que 70% dos estupros ocorrem por parentes ou pessoas conhecidas da família, segundo pesquisa de 2015 do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas. Dessa forma, os mais novos não saberão distinguir o que é carinho e o que pode ser abuso.   Além disso, a internet por estar acessível à coletividade, tem se mostrado o principal meio de propagação e instigação à pedofilia. Em virtude disso, o uso precoce e não monitorado da internet por parte das crianças aumenta o risco desses crimes. Isso acontece porque os pedófilos criam falsos perfis como se fossem crianças e, por conseguinte, entram em comunidades virtuais infantis e começam a trocar informações com os menores, já que têm a seu favor a facilidade de acesso às diversas informações. Dessa forma, apesar das práticas pedófilas serem antigas, é no mundo moderno que tende a se apresentar mais danosas, pois marcam os jovens de forma brutal.    Fica claro, portanto, que a persistência dessa violência sexual no Brasil é resultado do ineficiente ensino sexual nos colégios e da importância da supervisão frente às novas tecnologias. Logo, o Ministério da Educação deve criar um projeto de educação sexual por meio de aulas e da formação continuada dos professores, a fim de abrir um caminho de comunicação para que o tema educação sexual seja abordado sem nenhum preconceito e os alunos possam expor seus questionamentos e desmitificar alguns assuntos. Ademais, o Governo Federal precisa investir na criação de uma delegacia especializada no combate à violência infantil recorrendo a uma equipe técnica, com psicólogos e profissionais da área de informática, capazes de investigar crimes contra a dignidade sexual infantil e garantir um atendimento mais adequado. Assim, as crianças terão uma infância mais digna.