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Enviada em: 09/05/2018

Em meados do século XIX, Thomas Malthus, economista britânico, explicava a existência da fome por meio de sua teoria demográfica, que dizia que a população cresce em progressão geométrica enquanto a produção de alimentos cresce em progressão aritmética, ou seja: a demanda de alimentos não é suficiente para a população. Entretanto, hoje sabemos que a verdadeira causa da fome é a concentração de renda. Nesse sentido, convém analisarmos como a pobreza extrema e o desperdício influenciam na problemática em questão.   É indubitável que a subnutrição crônica está relacionada a pobreza. Se a comida chega para uma pessoa, também chega para a outra, o problema é que uma pode comprá-la e a outra não. Fatores como a alta do desemprego no país, corte de beneficiários de programas do governo e a recente PEC que congela os gastos públicos por 20 anos colocam o país em uma situação de alerta, com altas chances de voltar ao próximo Mapa da Fome que é divulgado periodicamente pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. É necessário salientar, também, que o Brasil só saiu do Mapa da Fome em 2014, ano em que registrou 3% da população ingerindo menos caloria que o recomendado.    Além disso, nota-se, ainda, que um grande fator para a fome é o desperdício de comida. A produção de alimentos é largamente superior à demanda, segundo a Tese de Impacto Social em Alimentação. Todavia, acaba sendo, em grande parte, desperdiçado no estágio do consumo. Isso acontece por conta de um consumismo exacerbado típico da pós-modernidade. O gosto pela abundância, preferência por comida fresca, preconceito com sobras e características visuais dos alimentos prevalecem sobre o valor nutricional. É possível sintetizar isso por meio da obra "A sociedade de consumo" do sociólogo Jean Baudrillard que diz que a sociedade já não consume coisas, mas somente signos.   É indispensável, pois, a adoção de medidas capazes de assegurar que o Brasil não volte ao Mapa da Fome. As políticas de combate à fome focaram sobretudo na ajuda emergencial e no aumento da produção. Contudo, para um efetivo desenvolvimento, é necessário criar ações permanentes e estruturais, com o total comprometimento dos governos nacionais. Posto isso, é dever do governo uma combinação de políticas que melhorem as condições de vida por meio de políticas redistributivas: geração de emprego e renda, melhores salários, microcréditos e fundos rotativos. Atrelado a isso, o Ministério da Saúde deve criar campanhas a fim de combater o desperdício de alimento pela população. Assim, o problema será aos poucos atenuado, e, por conseguinte, erradicado.