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Enviada em: 27/06/2018

Thomas Malthus acreditava que os recursos - bem como o próprio planeta - são finitos, de modo que haveria um ponto no qual o crescimento da população condenaria a humanidade à fome. Ainda hoje, embora tais proposituras tenham se provado errôneas, disputas por poder e falhas sistemáticas representam impeditivos para a distribuição equânime de alimentos. Assim, urge explicitar as facetas socioeconômicas da problemática, para que, superando-as, estigmas hodiernos sejam dissolvidos.    Em primeiro lugar, convém analisar o modelo produtivo atual, que beneficia elites monopolistas. De acordo com o Censo Agropecuário, realizado pelo IBGE, mais de 70% do alimento que abastece o mercado interno é proveniente da agricultura familiar. Essas estatísticas, contudo, não refletem a valorização dada ao segmento, que, à sombra de potências do agronegócio, é legado à negligência. Prova disso, a preponderância da bancada ruralista no poder legislativo tem confirmado sucessivas vitórias, potencializando disputas díspares em que apenas um dos lados - o hegemônico - tem seus interesses defendidos.    Ademais, é importante mencionar a má distribuição e administração dos víveres. Fator comum entre países de grandes dimensões, o Brasil é caracterizado, sobretudo, por extremos. As desigualdades regionais que nos concernem, histórica e economicamente, instituem fluxos desproporcionais, nos quais, além de marginalizar zonas distantes dos centros, boa parte do produzido é perdido nas filas de rodovias e portos. Nessa perspectiva, desperdício e segregação espacial ajudam a justificar a paradoxal situação brasileira, uma das maiores potências rurais que, ainda assim, tem o Mapa da Fome como realidade próxima.   Torna-se evidente, portanto, a necessidade de discutir com mais profundidade a situação de fome propiciada pelas incoerências da nação. Faz-se imperioso que Governo Federal e instituições públicas trabalhem em conjunto, de forma a proporcionar oportunidades para o crescimento produtivo e instrução para concretizar avanços. Nesse sentido, cabe destacar especialistas ligados à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para estruturar um plano de acompanhamento aos pequenos agricultores, o qual fornecerá suporte e conhecimento a fim de elevar os resultados da produção. Ainda, é importante que sejam ofertados subsídios para complementar tal projeto, fundos direcionados à difusão de tecnologias, de maneira que se eleve também a qualidade das lavouras. Tal aumento no rendimento deve ser revertido no barateamento dos preços, que, então, fará mais acessível a cesta básica. Dessarte, será possível afastarmo-nos, definitivamente, das previsões malthusianas.