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Enviada em: 13/08/2018

Em sua obra de cunho modernista, Vidas Secas, Graciliano Ramos retrata uma família de retirantes nordestinos que fogem da seca que assolou o nordeste brasileiro. No início da obra, Sinha Vitória mata seu papagaio para poder alimentá-la e a sua família, visto que já sofriam com a fome. Não obstante, apesar de referida produção se passar no início do século XX, a problemática da fome persistiu ao longo das décadas e, infelizmente, assola o Brasil do século XXI, levando ao questionamento sobre como evitar que tal problema reapareça no país e, com isso, insira-o novamente no mapa da fome. Decerto, é inegável que o problema permanece intrínseco na realidade da nação devido, sobretudo, a uma elevada concentração de renda e fundiária aliada a um Estado negligente e corrupto.    Mormente, a tese de que a sociedade vive em uma constante luta de classes que acaba por privilegiar uma em relação à outra é amplamente defendida pelo sociólogo alemão Karl Marx e se faz presente no Brasil contemporâneo sendo evidenciada pela concentração fundiária e de renda. Sob tal ótica, o escritor Ariano Suassuna afirma que "é muito difícil vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos". Nesse contexto, fica evidente que a fome nas camadas mais baixas da sociedade é resultado de uma concentração fundiária e de renda que continua a assolar o país, assim como evidenciado na obra supramencionada, em que Fabiano percebe que poucos concentram a maior parte das terras cultiváveis.    Outrossim, de acordo com Jean-Jacques Rousseau, filósofo francês, cabe ao Estado melhorar a condição do homem em sociedade haja vista que a mesma o corrompeu, no entanto, no Brasil tal fato não ocorre e, aliado à negligencia e corrupção, a fome persiste em assolar o país. Dados do orçamento do Governo Federal para 2018, a título de exemplo, mostram que o Programa Bolsa Família, fundamental para reduzir as disparidades socioeconômicas, teve um corte de R$1,7 bilhões. Dessa forma, ao reduzir medidas fundamentais para a saída do país do mapa da fome em 2014, o  Estado impede que o problema se resolva e, com isso, favorece a reentrada em referido mapa.    Infere-se, portanto, que a fome no Brasil é resultado de grandes disparidades aliadas a um Estado negligente e corrupto. Por isso, cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social que incentive programas como o Bolsa Família e Fome Zero, por meio do aumento de recursos para tais, a fim de que, por meio de tais auxílios, milhares de família obtenham ajuda para diminuir seus problemas sociais e comece a diminuir as grandes disparidades. Além disso, cabe ao Congresso Nacional que inicie o processo para a distribuicao de terras desocupadas para famílias de baixa renda. Com tais atos o Brasil nao retornará ao mapa da fome e milhares de famílias nao vivenciarao as mazelas que a de Fabiano vivenciou.