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Enviada em: 12/08/2018

Millôr Fernandes, célebre escritor brasileiro, ficou famoso por suas obras sarcásticas. Nelas, o autor entoou a máxima que ainda hoje se faz contemporânea: "Brasil. País do futuro. Sempre.". Certamente, encarada como uma crítica feroz aos governantes, Millôr buscava representar que muitos falavam da grandiosidade do país, sem, contudo, buscar ações para alcançá-la. De fato, quando em vista a questão da fome, percebe-se a grande dispararidade entre a democracia defendida e a realidade da grande parcela dos brasileiros. Com cerca de 7 milhões de pessoas em condição de extrema vulnerabilidade, o país corre risco de voltar para o Mapa Mundial da Fome, o qual, desde 2014, havia superado.       A poesia dramática "Morte e Vida Severina" de João Cabral de Melo Neto retrata a vida do retirante nordestino Severino, que migra para a Zona da Mata a fim de encontrar uma condição de vida digna, principalmente para superar a fome. De fato, fora das obras literárias, a miséria continua sendo uma forte mazela para o país e, muito além de dados estatísticos, revela a situação degradante que muitos são submetidos, em destaque para aqueles que residem em periferias e zonas rurais.        Assim, os elevados índices de desemprego, o avanço da pobreza e o congelamento dos gastos públicos são os grandes responsáveis por esse impasse. Muitas vezes associada à seca, a falta de alimento está, na verdade, atrelada à necessidade de políticas que visem a democratização do acesso à terra, à melhor produção e distribuição de alimentos. Em contraste ao modelo econômico brasileiro, pautado sobretudo no agronegócio, a persistência da fome no país e o risco eminente da volta dele às condições subalimenatares, demonstra que os valores capitais, por vezes, são mais importantes do que os valores humanos.              Torna-se evidente, portanto, a necessidade de medidas que enfrentem esse paradigma e revertam a atual situação do Brasil, a fim de coibir a perpetuação da fome. Em primeiro lugar, é de extrema importância que o Ministério da Agricultura, subsidiado por agrônomos e ambientalistas, realize mini-cursos nas áreas mais afetadas por essa realidade, com o objetivo de ensinar práticas de cultivo em propriedades familiares e de forma a valorizar o pequeno produtor rural. Ademais, é de grande relevância a atuação de Organizações sem fins lucrativos (ONGs) que, ao prestarem trabalho voluntário, angariam fundos e apoio de grandes marcas, as quais poderão contribuir com cestas básicas e até mesmo oportunidades de trabalho. Outrossim, o papel delas é fundamentais, pois permite a convivência com uma realidade diferente e triste e, dessa forma, constitui-se como um importante meio de mudança e construção da empatia.