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Enviada em: 14/10/2018

É notório que a fome não é um problema atual no Brasil. Durante o século XVI e XIX, por exemplo, a alimentação dos escravos era substancial, isso porque os senhores de terra temiam prejuízos econômicos com a morte, por inanição, de sua mão de obra. Além disso, os escravagistas, como uma forma de manter o poder, sustentavam o discurso de que a refeição era um merecimento. Assim sendo, apenas aqueles que trabalhavam bastante poderiam se alimentar. De mesmo modo, em pleno século XXI, esse discurso ainda persiste em território nacional, seja pela negligência do Estado, seja pela desigualdade social sustentada pela sociedade brasileira.     É relevante abordar, primeiramente, que a Revolução Verde aumentou a produção de alimentos nacional e internacionalmente por meio de técnica agrícolas, uso de pesticidas e multiplicação de sementes. Nesse cenário o Brasil destaca-se como um dos países com alto desempenho na agricultura. Todavia, apesar da oferta de mantimentos ser superior ao número de habitantes, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura estima que menos de cinco por cento da população no país não é contemplada com a quantidade calórica necessária para a sobrevivência, o que demonstra uma total incoerência do Estado Brasileiro. Vale ressaltar que de acordo com a Constituição de mil novecentos e oitenta e oito, o acesso ao alimento é um direito que garante a dignidade humana, logo as autoridades deveriam atuar nessa causa com maior empenho.       Contudo, é inegável que os atuais programas assistencialistas de combate à fome e a miséria, elaboradas pelo governo federal, têm sido amplamente criticada pela sociedade brasileira que desaprova a distribuição de renda para os mais desfavorecidos. Assim sendo, fica evidente que o discurso escravista ainda é muito forte e utilizado para justificar a fome como um produto do desprezo ao trabalho, além de desconsiderar totalmente a desigualdade social que está como pano de fundo dessa conjuntura. Consequentemente, muitos governantes pressionados pela opinião pública deixam de apoiar medidas como essas para ganharem votos e poderem se reeleger futuramente.        Portanto, urge que o Estado por meio de envio de recursos ao Ministério do Desenvolvimento Social promova maior fiscalização dos beneficiários dos programas assistencialistas, por meio de agentes fiscais, para evitar desvios de dinheiro que oportunizam a corrupção e, consequentemente, não combate a fome em sua totalidade. Desse modo, como resultado, a sociedade torna-se mais igualitária e justa para todos, o que por sua vez, favorece pouco a pouco a desconstrução da mentalidade que acredita que fome é uma consequência de atitudes individuais e não um problema político e socialmente construído.