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Enviada em: 24/10/2018

O Brasil saiu do Mapa da Fome, projeto idealizado pela Organização das Nações Unidas, no ano de 2014. Esse salto de desenvolvimento socioeconômico no país foi o reflexo das aplicações de programas de assistência à população abaixo da linha da pobreza. Entretanto, em 2018, com a crise econômica e os cortes de programas sociais financiados pelo Governo Federal, o Brasil assumiu uma posição vulnerável para a volta da fome. Tal queda nos índices de progressos sociais são reveladores da deficiência estrutural brasileira no sistema de produtividade e, ainda, a questão cultural de desperdício de alimento que, infelizmente, não serão solucionados com iniciativas assistenciais.   Em primeira análise, é interessante ressaltar que a estrutura na área rural brasileira é majoritariamente latifundiária, devido a uma cultura histórica de distribuição agrária desigual. Como consequência, milhares de trabalhadores do campo são expulsos de suas terras e privados do direito de possuir uma produção de subsistência, prejudicando o sustento econômico e alimentar das famílias.  Contudo, ainda que a agricultura familiar esteja na luta por espaço no meio rural, a sua produtividade representa 70% do abastecimento nacional de insumos agrícolas, o que revela um verdadeiro potencial de crescimento se houver incentivos para a produção. Portanto, com o suporte financeiro adequado para as pequenas propriedades, é possível garantir a subsistência de trabalhadores e mercado consumidor.    Outro aspecto a ser abordado, é a questão cultural do desperdício de alimento no Brasil, sendo estimado que cerca de 60% dos brasileiros desperdiçam alimentos ainda em bom estado para o consumo. Esse alimentos poderiam ter um destino diferente, se houvessem programas de incentivo e conscientização acerca da quantidade de comida produzida e jogada no lixo. Portanto, a falta de estrutura, informação e planejamento gera a perda de milhões de toneladas de produtos alimentícios que poderiam servir para milhares de famílias carentes.     Diante do exposto, é urgente a ação conjunta do Governo Federal e do Ministério de Desenvolvimento Social para garantir o direito à alimentação, previsto pela Constituição Federal. Todavia, combater a fome significa encarar e contornar as causas que contribuem para a sua perpetuação. Portanto, aproveitando-se da extensão territorial rural brasileira, é necessária a efetivação da reforma agrária, visando garantir o acesso à terra e o direito de produção agrícola para o trabalhador do campo. Além disso, o governo deve elaborar campanhas de conscientização acerca do desperdício de alimento, colocando-se como suporte e agente no desenvolvimento de projetos e incentivos aos cidadãos que adotarem a preservação de recursos e consumo consciente. Dessa forma, o Brasil conseguirá, de forma admirável, evitar o retorno ao Mapa da Fome.