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Enviada em: 25/10/2018

A Guerra de Canudos, acontecida durante a Primeira República e ambientada no sertão brasileiro, teve, como um de seus principais motivos, o descaso das autoridades com essa região. Além de não possuírem direitos básicos, a população ainda convivia com uma temível realidade: a fome. Entretanto, tal conjuntura não restringe-se aos livros de história, uma vez que a latente desigualdade social brasileira e a atual negligência do Estado contribuem para que o Brasil, possivelmente, volte ao Mapa da Fome.           A priori, constata-se o papel da desigualdade social na questão. Nesse contexto, observa-se que, de acordo com pesquisa realizada pelo IBGE, a região mais pobre do Brasil, o Nordeste, concentra a maior incidência de fome. Sendo assim, é possível confirmar a teoria de Karl Marx de que a economia é o determinante social, haja vista que a fome pode ser encarada como produto de um poder aquisitivo menor. Logo, nota-se que a permanência de estruturas sociais discrepantes é extremamente problemática, pois interfere diretamente no quadro atual: o mapeamento da Organização das Nações Unidas mostra cerca de 7 milhões de brasileiros subalimentados.        Consonante a isso, ainda é necessário analisar a negligência governamental tangente à situação supracitada. Em razão da criação de programas como o Bolsa Família, durante o governo Lula, o Brasil foi capaz de deixar o Mapa da Fome em 2014. No entanto, regrediu ao aprovar a PEC de gastos, que diminui drasticamente o orçamento de programas sociais e, diretamente, recoloca milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza. Dessa forma, observa-se que o descaso do Governo Federal em relação às políticas públicas adotadas para a redução da fome é errôneo e colabora, substancialmente, para que o país volte a ser assolado pela fome.        De modo exposto, é necessário conter o avanço da fome no Brasil. Para tal, o Governo Federal, em trabalho conjunto com o Ministério da Fazenda e o Ministério da Justiça, deve criar um plebiscito para discutir acerca da taxação de grandes fortunas com o intuito de redistribuir a renda pelo território brasileiro, diminuir a estratificação social e, consequentemente, minimizar os efeitos negativos da desigualdade social. Ademais, o Poder Executivo, por meio de uma emenda, deve revogar a PEC dos gastos, com consulta a analistas da ONU, a fim de dar continuidade ao programa Fome Zero e melhorar o já existente Bolsa Família. Assim, a fome só existirá em livros de História.