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Enviada em: 09/05/2019

Na obra O Quinze da escritora nordestina Rachel de Queiroz, é retratada a forte seca que assolou o Ceará no ano de 1915, cuja tal miséria foi marcada pela escassez de água e comida. Hodiernamente, o romance regionalista de temática social, assemelha-se a problemática da fome no Brasil, uma vez que apesar da grande extensão territorial e do enorme potencial agrícola do país, essa adversidade ainda persiste. Nesse contexto, é essencial analisar a desigualdade social que predomina em determinadas regiões do Brasil, bem como a negligência governamental que corrobora para o aumento desse óbice.   Primordialmente, pontua-se que apesar do Brasil ter saído do Mapa da Fome, ainda há imparcialidades que podem impedir a erradicação dessa miséria. A desigualdade social é um dos grandes agraves para essa problemática, visto que estados onde a região é mais pobre e não há ação de políticas públicas voltadas para a concentração de renda e subsídio de necessidades básicas, o índice de privação de alimentos aumenta. Prova disso são dados do Suplemento Segurança Alimentar indicando que todos os estados do Norte e do Nordeste estavam abaixo da média em relação à alimentação adequada. No Norte o percentual foi de 40,3% e no Nordeste 46,1%.   Observa-se, ainda que o Brasil possui uma grande extensão territorial e um enorme potencial agrícola, entretanto, a má administração governamental e a negligência do Poder Executivo inviabilizam o avanço total na luta contra a miséria alimentar. Tristemente, o deficiente planejamento agrícola e a injusta e antidemocrática estrutura fundiária brasileira, marcada pela concentração da propriedade das terras nas mãos de poucos, são umas das causas humanas que salientam a falta de alimentos. No entanto, segundo o geógrafo e ativista brasileiro no combate à fome, Josué de Castro, a economia atual não é apenas uma arte de estabelecer empresas lucrativas, mas uma ciência capaz de ensinar os métodos de promover uma melhor distribuição do bem-estar coletivo.   Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para diminuir a relação de pessoas que sofrem com a fome, urge que o Ministério do Desenvolvimento Social, juntamente ao Ministério de Agricultura, criem, por meio de verbas governamentais, um processo de redistribuição da riqueza nacional, utilizando da repartição de terras em prol da agricultura familiar. Cabe, ainda que o governo utilize de políticas públicas para a geração de emprego e renda, bem como, a organização de um projeto social de desenvolvimento, que tenha como eixo central à promoção de um crescente processo de inclusão social. Assim, o Brasil não retornará ao mapa da fome e essa problemática será romantizada apenas na ficção.