Materiais:
Enviada em: 11/04/2018

O autor brasileiro, Ariano Suassuna, afirma, assim como Machado de Assis, que existem dois "Brasis", o oficial e o real, o dos privilegiados e o dos mais pobres, respectivamente. Atualmente, o Brasil dos mais pobres tem corrido o risco de voltar para o Mapa da Fome. Isso se dá do fato que em tempos de crise, como o atual, os cortes orçamentários ocorrem em setores que visam o desenvolvimento social, o que é um reflexo do governo formado, em sua significativa maioria, por privilegiados. Por isso, cabe analisar quais os motivos que fazem com que esses cortes ocorram nessa área e, também, quais são as alternativas para que a fome seja erradicada do país.       A princípio, é necessário entender que o Brasil possui uma democracia representativa falha. Isso decorre, pois, as eleições brasileiras do modo como acontecem são muito caras, o que abre espaço para a candidatura de uma maioria abastada financeiramente que raras as vezes luta a favor do desenvolvimento social e na defesa de direitos básicos, como a segurança alimentar, que é prevista na Constituição de 1988. Visto que não há representatividade, os projetos sociais, como Bolsa Família, ou até mesmo o salário mínimo, que deveria ser capaz de prover condições humanas básicas, têm tido aumentos pífios que não acompanham a inflação e com isso diminuem o poder de compra daqueles que já estão vulneráveis.        Ademais, a falta de uma consciência governamental de que o corte no orçamento social só trará prejuízos faz com que se intensifique a situação de pobreza no Brasil e, também, os gastos, a longo prazo, que serão empreendidos nesse setor. Uma vez que, a partir do momento em que os indivíduos se tornam mais carentes mais gastos o governo terá para recuperar as condições humanas dessa população. Em contrapartida, o fornecimento de bolsas sociais temporárias, a qualificação e a oferta de emprego seriam alternativas mais estratégicas do que a supressão na verba desse setor. Já que iria movimentar a economia e daria condições para que os indivíduos carentes se tornem autônomos.          Torna-se evidente, portanto, que a fome no Brasil tem relação direta com a administração política e suas estratégias falhas empregadas na gestão do país. Por isso, cabe ao Ministério da Justiça junto ao de Direitos Humanos a defesa da segurança alimentar e do desenvolvimento social frente ao Poder Executivo, realizando debates nas reuniões, cobrando o respeito à  Constituição e propondo alternativas para o corte orçamentários, para que desse modo as garantias do Brasil real sejam respeitadas. Além disso, cabe ao Ministério da Educação junto ao do Trabalho, a promoção de cursos técnicos gratuitos e a realização de parcerias público-privado que ampliem a oferta de emprego, a fim de que novas oportunidades sejam ofertadas as pessoas mais carentes e assim elas possam se desenvolver.