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Enviada em: 12/04/2018

Feísmo revisitado     O Barroco, movimento artístico desenvolvido no século XVII, foi especialmente marcado pelo dualismo e contradições. Cinco séculos após seu surgimento, a visão antitética, sob um novo contexto, ainda caracteriza o homem contemporâneo brasileiro: o país, que garante a igualdade perante a lei, é o mesmo que apresenta uma das maiores desigualdades do mundo, sendo a fome o resultado de uma grave falha estrutural que deve ser reanalisada e combatida.      Em primeiro lugar, vale ressaltar o panorama iníquo enfrentado pelas classes sociais mais baixas. Para Malthus, importante economista britânico, a conjuntura da fome estaria associada à insuficiência quantitativa de alimentos. A hipótese, entretanto, é um equívoco, visto que a produtividade alimentar supera sua demanda, embora essa não seja equanimemente alcançada, evidenciando, dessa forma, a deficiência social originada pela concentração de poder. Prova disso é que o Brasil ocupa a sétima posição entre os países com maior poder de compra no mundo, mesmo que uma significativa parcela da população ainda passe por necessidades básicas.       Nesse sentido, o possível regresso ao mapa da fome está intimamente atrelado à redução de postos de trabalho. Com a crise econômica, o número de desempregados no Estado passa da faixa dos 10 milhões, enquadrando-os no conceito de População não Economicamente Ativa (PNEA). A falta de sustento tem por corolário o declínio da qualidade de vida como tendência brasileira, haja visto que a competição pelas vagas leva, até mesmo os empregados, à submissão às condições insubsistentes do mercado.       Fica nítida, portanto, a necessidade do reforço e criação, pelo Governo Federal, de novas políticas assistencialistas, a fim de não só garantir a alimentação, mas também incentivar a inserção do indivíduo na sociedade e nos polos acadêmicos, para que ele tenha a possibilidade de melhoria de vida pela educação. Além disso, cabe ao Estado estimular a economia nacional, através de uma melhor gestão política externa, a fim de atrair capital turístico estrangeiro, para que novos cargos trabalhistas voltem a ser criados para do suprimento da necessidade tanto do mercado, quanto da população economicamente ativa e inativa. Desse modo, a busca por uma nova reforma poderá remediar a grande contraposição de viver em uma terra tão rica, mas tão pobre, e a manutenção do apreço pelo trágico ficará apenas na escola literária seiscentista.