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Enviada em: 23/10/2017

Sendo a literatura expressão dos fenômenos sociais, Ismália, do escritor simbolista Alphonsus Guimaraens, foi retrato do suicídio. Como uma das formas de interpretação do poema, o protagonista ao ter sofrido com um abandono amoroso, comete um autoextermínio, descrito no verso “Sua alma subiu ao céu. Seu corpo desceu ao mar...”. Essa situação é muito presente na contemporaneidade brasileira, principalmente entre os jovens, expressa no crescimento de 27,2% do número de mortes voluntárias, segundo o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM). Tal dado revela a gravidade desse cenário que precisa ser discutido para que haja uma mudança de paradigmas.     Para a compreensão desse quadro, é necessário reconhecer a modernidade líquida como uma causa. A liquidez, em referência à concepção de Zygmunt Bauman, proporciona a perda de laços entre os indivíduos, sobretudo devido a sua inconsistência gerada pela rapidez e conveniência que partam as relações humanas. Inclusive, esse aspecto também se mostra presente no campo da escola, em que a dificuldade de se encaixar nos “moldes” impostos pela sociedade se torna um obstáculo para a inclusão. Dessa forma, os maiores motivos relacionados ao alto índice de mortes voluntárias são os conflitos familiares, a exclusão e o fracasso escolar, o que torna visível a necessidade de ação do Ministério da Educação para atenuar a problemática.      Além disso, a depressão é uma doença que aumenta os índices de suicídios. Falas preconceituosas presentes no vocabulário do brasileiro sobre esse “mal do século XXI” são obstáculos a serem vencidos, visto que o Brasil é o quinto país com mais pessoas que possuem tal enfermidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Devido a esse julgamento, indivíduos depressivos se sentem desencorajados a pedir ajuda, culminando no agravamento da doença. Sendo assim, o sujeito busca algo que o estimule a tomar atitudes extremas, como o jogo “Baleia Azul”, que viralizou em 2017 e consiste em diversas fases que têm como objetivo final a morte. Desse modo, fica evidente a necessidade de mudança desse panorama.   Todo esse contexto exige medidas eficazes. Para tanto, é imprescindível a ação do Ministério da Educação promovendo palestras sobre o tema nas escolas e o auxílio psicológico visando a ajudar os estudantes que passam por situações extremas. Além disso, cabe à mídia a divulgação de campanhas pela internet (meio que abrange a maioria dos adolescentes), como a “Baleia Rosa” que consiste em frases compartilhadas que objetivam a valorização da vida. Com a fundamentação desses atos, acredita-se que o número de 2898 suicídios de jovens em 2014 (divulgados pelo SIM) se atenue.