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Enviada em: 24/10/2017

Mesmo lançado em 1774, o romance “os sofrimentos do jovem Werther” - escrito por Johann Wolfgang van Goethe -, já abordava uma problemática comum nos dias atuais: o suicídio como solução para os problemas vivenciados pelo indivíduo. Transtornos mentais, abuso de drogas e álcool, bullying... As motivações desse comportamento são variadas, mas há uma combinação de fatores psicossociais que, reunidos, podem culminar em um ato final contra si mesmo. Levando em conta o significativo crescimento das taxas de suicídio entre os jovens brasileiros, atualmente esse cenário caracteriza um grave problema de saúde pública no país.         Primeiramente, é essencial salientar a relação do suicídio com a existência de doenças mentais associadas. Segundo especialistas, cerca de 90% das vítimas sofriam com algum tipo de transtorno psicológico, a exemplo de depressão, ansiedade ou dependência de substâncias químicas. Além disso, conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde, nos últimos anos observou-se que a taxa de suicídios entre pessoas de 15 a 29 anos era maior que a verificada na população brasileira em geral. Logo, percebe-se que há uma relação entre a alta incidência de distúrbios psicológicos na população mais jovem e o aumento nas taxas de suicídio nesse nicho.        No mesmo contexto, cabe destacar o posicionamento do sociólogo francês Émile Durkheim em sua obra "O Suicídio", de 1897. O estudioso observou que, ao contrário do que o senso comum sugere, os suicídios estão mais relacionados a fatores sociais que individuais. No livro, destaca ainda que, mesmo os suicídios chamados por ele de "egoístas" - os mais recorrentes -, são motivados por uma noção de falta de pertencimento à comunidade na qual o indivíduo está inserido, seja por exclusão social ou incompatibilidade com os costumes compartilhados pelos seus semelhantes. Isso ajuda a entender por que pessoas jovens que vivenciam situações como bullying, violência doméstica ou pressões psicológicas no ambiente familiar estão mais propensas a desencadear transtornos psicológicos e, em casos extremos, a cometer o "autoextermínio".       Nota-se, portanto, a urgência na reversão desse cenário. A mídia, em parceria com associações civis como o Centro de Valorização da Vida, deve incentivar os responsáveis a manter um constante diálogo e zelo com os filhos sobre transtornos mentais e possíveis tendências suicidas. Além disso, o Ministério da Saúde, juntamente com a pasta da Educação, deve promover reflexões e esclarecimentos acerca do tema nas escolas, encorajando a busca por auxílio profissional quando necessário. Só dessa forma poderemos construir uma sociedade mais empática e segura para os nossos jovens.