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Enviada em: 31/10/2017

A gente se acostuma    O poema “A gente se acostuma” de Marina Colasanti sintetiza perfeitamente a desesperança da nossa sociedade. As pessoas se acostumam a ser ignorados quando mais precisamos ser ouvidas, o desesperado levando-as as achar que só tem uma saída: o suicídio. Muitos jovens brasileiros tem vivido essa realidade, e a desesperança os leva a cometer esse ato. Desde 1960, o número de suicídios aumentou em 60% no Brasil, fazendo dele um problema de saúde pública, sendo sua maior causa a falta de debate sobre o assunto. Para tal, cabe analisar esse ato sobre os aspectos do fato social e de agravantes, como transtornos mentais.    No seu livro “O Suicídio” Durkheim discutiu sobre o que leva as pessoas a cometerem suicídio, chegando à conclusão que o Fato Social, a coerção que a sociedade exerce sobre o indivíduo, como costumes de uma comunidade, pode fazer com que o indivíduo cometa esse ato. A quebra da bolsa de valores em Nova York em 2008 causou uma grande onda de suicídios, visto que muitas pessoas perderam tudo. A pressão social sobre os universitários também é considerável, e universidades como a USP alertam sobre o índice de tentativas de suicídio entre os alunos.      Ademais, o mundo globalizado é permeado de relacionamentos efêmeros, conexões fracas e solidão, consequência do mundo líquido, citado pelo sociólogo Zygmund Bauman. Essa situação cria um vazio existencial, que associado a transtornos como ansiedade, depressão e o uso de drogas faz com que muitos jovens cometam suicídio: mais de 90% dos casos estão relacionados a esses transtornos, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).    A situação brasileira sobre o suicídio entre os jovens deve, portanto, retroceder. Para tal, o debate sobre o assunto em casa, na escola e na mídia tem que tomar espaço, sem tabus, pois o único meio de prevenir o suicídio é o diálogo sobre o assunto. Assim, o MEC deve realizar palestras trimestrais nas escolas com psicólogos e especialistas no assunto para alunos, pais e professores sobre a importância de conversar sobre o suicídio, a coerção social que pode levar ao ato e comportamentos que delimitam grupos de risco, como uso de drogas e depresão. Sinais de alerta, como mudanças de comportamento. devem ser levados em conta, afinal, de acordo com dados do CVV (Centro de Valorização da Vida) 90% dos atos poderiam ter sido evitados. A mídia deve também divulgar campanhas de prevenção ao suicídio e apoiar Centros de ajuda como o CVV, onde a juventude poderá encontrar ajuda em caso de pensamentos suicidas. Pois, como no poema, "a gente se acostuma, mas não devia" e a não conformidade é a única forma de reverter essa preocupante situação.