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Enviada em: 24/10/2017

No ano de 2015, entrou em debate no Senado um projeto de lei que altera do Estatuto da Criança e do Adolescente, tipificando o crime de indução, instigação ou auxílio à automutilação de jovens. Embora ainda esteja tramitando nas instâncias legislativas, o projeto pôs em pauta um desafio enfrentado pelo Brasil atualmente: a necessidade de combater e prevenir o suicídio entre jovens.    Embora o Brasil seja o 8º país com maior número de casos de suicídio, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o assunto ainda é visto como um tabu culturalmente, devido a uma falsa ideia de que falar sobre significa incentivar o ato. No entanto, tal visão é equivocada, uma vez que a OMS estima que 90% dos casos podem ser evitados quando há oferta de ajuda. Nesse viés, o Centro de Valorização da Vida (CVV) mostra-se de suma importância ao oferecer apoio emocional voluntário e gratuito. No entanto, poucos jovens procuram este ou algum tipo de apoio primário, e acabam passando por esse estigma sozinhos, tendo contato com profissionais apenas em urgências pré ou pós tentativa de suicídio. Neste caso, o sistema de saúde brasileiro apresenta diversas falhas, devido, principalmente, à carência de leitos psiquiátricos e à falta de preparo dos profissionais.    Concomitantemente a isso, estima-se que 90% dos casos de suicídio são devidos a doenças psicológicas, como depressão e transtornos bipolares. No caso dos jovens brasileiros, o bullying nas escolas configura um dos principais fatores de desenvolvimento de depressão, posto que o indivíduo é excluído socialmente e amplifica dentro de si um sentimento de não pertencimento ao mundo. Esse contexto, muitas vezes, leva o jovem a cometer um dos suicídios elucidados pelo filósofo Émile Durkheim no século XIX: o suicídio egoísta, quando o indivíduo não vê mais sentido na vida. Neste caso, o fim da própria vida é visto como um ato de liberdade e de fim do sofrimento, evidenciando que, com o apoio necessário para o alívio dessa angústia, o suicídio pode ser evitado.    Tendo em vista o pensamento do filósofo Sartre, de que o suicídio é um erro por privar o indivíduo de todos os atos futuros de liberdade, é necessário prevenir essa prática entre os jovens. Para tanto, destaca-se a importância de desmistificar o assunto, colocando-o em pauta nas escolas e na mídia. Para isso, gestões pedagógicas devem expor documentários sobre o assunto e promover rodas de conversas com psicólogos, a fim de incentivar os alunos a procurar ajuda, enquanto que a mídia, por meio de novelas e propagandas, deve instigar as famílias a manter diálogos com seus filhos, de maneira acolhedora, para descobrir e mitigar possíveis transtornos. Além disso, as gestões hospitalares devem fornecer capacitação em urgências psiquiátricas aos profissionais da saúde, por meio de cursos e palestras, para que eles ajam de tal modo que o paciente não atente novamente contra sua vida.