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Enviada em: 27/10/2017

Em 1774, a obra “Os sofrimentos do jovem Welther”, do alemão Goethe, introduziu o romantismo no mundo, ao mesmo tempo em que, por meio da realística e perturbadora narrativa, desencadeou a maior onda suicida da história. Nesse ínterim, o suicídio tornou-se uma problemática social no Brasil. Entretanto, a despeito dos elevados índices, ele ainda é silenciado e banalizado pela sociedade contemporânea. Logo, um debate acerca das razões e implicações desse mal é indubitável.    Nessa perspectiva, de acordo com Émile Durkheim, o suicídio é resultado do meio social que circunda o ser, sendo as suas causas todas sociais. Dessa forma, quanto maior o grau de compartilhamento de crenças e valores, bem como da interação entre os membros de um grupo, maior é também a solidariedade social. Assim, haverá menor probabilidade de que suicídios aconteçam se os indivíduos estiverem ancorados em torno disso. Contudo, na pós-modernidade há uma perda de valores, ou seja, as instituições – família, escola, igreja –, à medida que o grau de coesão diminui, deixam de cumprir seu papel de socialização e, portanto, não oferecem subsídios aos problemas individuais, fato que corrobora com o Mapa da Violência 2014, que evidenciou aumento de 60% nos casos desde 1980.    Outrossim, na lógica hipercapitalista, como afirma Zygmunt Bauman, com as relações interpessoais fluidas e artificiais, o individualismo passa à prevalecer. Com ele, os fatores multicausais do suicídio ganham força e destacam-se às doenças mentais, que tem a capacidade de influenciar de modo negativo o indivíduo. Prova disso é que a maioria dos que cometem o ato tem algum transtorno, tanto que 90% desses casos podem ser evitados, segundo a Organização Mundial da Saúde, porque advém de um problema psicológico não tratado. Com efeito, a liquidez dos vínculos, também induz a sociedade a negar o assunto, instala-se, assim, o desinteresse em ofertar ajuda. Além disso, o Estado é insuficiente na assistência psicossocial e na fiscalização das mídias e da imprensa, que ao descreverem os suicídios com detalhes expõe meios para que a pessoa atente contra a própria vida.   Torna-se evidente, portanto, que esse fenômeno exige uma intervenção. Ao Poder Público, cabe intensificar as ações de prevenção, mediante ampliação de programas como o Centro de Valorização à Vida e o de Atenção Psicossocial, com intuito de oferecer apoio e tratamento. As Escolas, em parceria com Ongs, devem ofertar uma educação altruísta, despertando no aluno, por meio de trabalhos em grupo e campeonatos esportivos, empatia e cooperação, a fim de diminuir sentimentos individualistas na sociedade. Ademais, a Mídia, além de não descrever a prática, tem o dever de levantar o tema para debate, seja através de ficções ou de programas educativos, ouvindo especialistas e passando informações. Assim, estabelecer-se-á um combate efetivo.