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Enviada em: 26/10/2017

Segundo o filósofo francês Gilles Lipovetsky, a sociabilidade contemporânea é marcada pela hiperindividualização, ou seja, as pessoas isolam-se e tendem a desestabilização dos laços familiares e sociais, o que provoca experiências de insegurança interior e sensação de fracasso pessoal, que muitas vezes culmina com o suicídio. Na obra literária alemã “Os sofrimentos do jovem Werther”, de Goethe, o protagonista Werther encontra no suicídio uma forma de livrar-se das dores de um amor não-correspondido. A temática da infelicidade fez com que parte do jovem público-leitor, no século XVIII, se sentisse representado pelos anseios do personagem e, inclusive, passassem a ver a morte como uma forma de libertação. Neste sentido, percebe-se que esse problema de saúde pública já se alastra ao longo dos séculos e hoje, no Brasil, a taxa de suicídio entre os jovens faz-se crescente.             Em primeiro lugar, não há somente um motivo que explique a angústia e o sofrimento de quem decide por fim à própria vida. Entre os inúmeros fatores estão doenças terminais, depressão, “bullying”, insucessos na faculdade ou no trabalho, paradoxos e incertezas da vida moderna, abuso ou assédio sexual e o sentimento apocalíptico (cultura milenarista) que leva muitas pessoas a crer na hipótese do fim do mundo em épocas de transição entre séculos. Por isso, é preciso que haja uma conscientização sobre as possíveis causas e sinais de que há algo errado, para que seja fornecido a ajuda necessária.        Em segundo lugar, um fator agravante para tal situação é a falta de intervenção familiar. Ressalta-se que o aumento do número de casos ocorre devido a banalização e a negação de que trata-se de um problema real e complexo. Muitas vezes, os pais e amigos nem se atentam para os sinais de insatisfação com a vida e a falta de motivação para viver. Com isso, pessoas má intencionadas encontraram na internet um meio para atrair esse público fragilizado por meio do jogo “Baleia Azul” envolvendo 50 desafios - dentre eles a automutilação - e o último, a retirada da própria vida. Enquadrado, segundo o sociólogo Émille Durkheim, como um suicídio egoísta, pois os indivíduos são determinados pela realidade coletiva ao serem influenciados pela sua situação de fragilidade.                    Portanto, é necessário que a OMS, em parceria com a escola, treine profissionais da educação para identificar tendências depressivas e fornecer a ajuda necessária por meio de um acompanhamento psicológico semanalmente. A mídia deve divulgar amplamente campanhas como o Setembro Amarelo, conscientizando os pais de como proceder e mostrar que “falar é a melhor opção”, além de divulgar iniciativas como o Centro de Valorização da Vida (CVV) que fornecem auxílio para pessoas em sofrimento emocional. Assim, as taxas de suicídio diminuirão e uma sociedade mais empática será formada ao combater o hiperindividualismo de Lipovetsky.