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Enviada em: 30/10/2017

No século XIX, um romance escandalizou a sociedade, Nele, o escritor alemão Goethe narra as desventuras de um jovem que abre mão de sua vida, em função de seu sofrimento amoroso. Após sua publicação, milhares de jovens suicidaram-se em toda a Europa, por identificarem-se com a falta de perspectivas do personagem Werther. Atualmente, seja por não corresponderem à expectativa de uma sociedade, que exige o sucesso individual e profissional a todos, seja pelo controle que esta impõe, normatizando como se deve ser e pensar, muitos jovens, desesperados, acabam por desistir de suas vidas.       Inicialmente, cumpre observar que, vive-se em uma cultura voltada para o consumo, onde todos têm a obrigação de ser bem sucedidos. Campanhas midiáticas mostram jovens perfeitos, dentro de um certo estereótipo, abrindo caminho para a felicidade. Neste sentido, todos aqueles que, por não conseguirem se encaixar dentro destes padrões, serão considerados como fracassados e, por conseguinte, infelizes. Percebe-se então que, neste modelo, uma maioria esmagadora de jovens perfeitamente capazes de ter uma vida boa e feliz, serão,rotulados como fracassados e, condenados à infelicidade.       Por outro lado, não se pode deixar de pensar no que o filósofo francês Deleuze chama de Sociedade de Controle. Nela, as pessoas são controlados todo o tempo, um controle sutil, sobretudo sobre o olhar. Dentro das diversas esferas sociais, todos são constrangidos a adotar certo comportamento como forma de pertencimento a estes grupos. Ter um olhar divergente ou adotar comportamentos distintos passa a ser considerado como transgressão e significa a exclusão do grupo. Nesta ditadura do olhar, quem mais sofre são os jovens, que se veem sem saída, se não conseguem corresponder a estas expectativas.       Desta feita, as Secretarias de Educação Estaduais e Municipais, no âmbito de suas respectivas competências, devem garantir espaços de participação e discussão, através da inserção de temas ligados à realidade dos jovens como conteúdo transversal nas aulas das diversas disciplinas. Assim, por exemplo, a discussão sobre métodos anticoncepcionais ou gravidez na adolescência nas aulas de biologia, ou ainda, o conceito de felicidade, nas aulas de filosofia, sempre procurando mostrar que é possível realizar-se enquanto pessoa mesmo, fora dos paradigmas que são lhes são impostos todo o tempo. O Ministério da Educação pode, por sua vez, inserindo conteúdos e a discussão do tema nos cursos de licenciatura capacitando os futuros professores a identificar e enfrentar a questão.