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Enviada em: 31/10/2017

Embora apresentada em 428 a. C., a tragédia grega Hipólito, de Eurípides, por meio da personagem Fedra, mulher apaixonada, já abordava uma das maiores causas atuais de morte dos jovens de até 19 anos no Brasil: o suicídio. A consolidação do diálogo sobre o assunto em questão como um tabu, aliada a falta de um lugar no qual o adolescente possa se definir e se reconhecer como sujeito na sociedade, enraízam essa problemática, sendo de suma importância a promoção de medidas que o combata.        O aumento do número de casos de suicídio está relacionado à transformação do diálogo sobre o assunto em um tabu por grande parte da população brasileira, que, influenciada por concepções históricas e religiosas, ainda acredita que a conversa é um poderoso gatilho à efetivação desse, escamoteando quaisquer referências que possam vir a lembrá-lo . Além disso, muitos o consideram, erroneamente, como uma simples tentativa de se obter atenção, negando ao indivíduo o amparo necessário mediante tal situação. Em função disso, há o crescimento alarmante dos casos de suicídio entre os jovens brasileiros, sendo que, segundo a Organização Mundial de Saúde, essa é a segunda causa que mais mata a população juvenil entre 15 e 29 anos.        Além disso, a escola pode se tornar um cenário favorável no que se refere ao fortalecimento do comportamento suicida. O bullying, problema mundial encontrado em qualquer instituição escolar, está por trás de muitas tentativas de suicídio entre adolescentes. Conforme a Psicologia do Desenvolvimento, o jovem é influenciado facilmente pelas opiniões alheias e, nesta tentativa de se encaixar, passa a agir de forma inconstante. No estágio em que se adquire uma identidade psicossocial, se as questões não forem bem resolvidas, o adolescente não reconhece sua identidade e seu papel no mundo e busca um referencial que dê sentido a seu existir, o que configura as obras ultrarromânticas, marcadas por dor, frustração, tédio, evasão da realidade e desejo pela morte.    Portanto, diante da permanência do suicídio na sociedade e almejando o efetivo combate a esse, cabe ao poder público a realização de campanhas que tratem sobre a importância do diálogo, da compreensão e do amparo emocional por parte das famílias, almejando o rompimento do tabu que o permeia. Além disso, cabe ao Ministério da Educação, juntamente ao Ministério da Saúde, promover cursos, voltados para profissionais da educação e assistentes sociais, que possibilitem a identificação dos fatores de risco, estabelecendo linhas que estimulem a autoestima dos adolescentes e criando espaços de diálogos para eles sobre a fase da adolescência. Ao vislumbrar possibilidades no existir, procura-se ultrapassar sofrimentos e desmascarar sinais do complexo fenômeno que perpassa desde o início da civilização.